1. É quase uma antologia de escola. Não gostamos de determinados políticos mas estamos sempre a promovê-los. O exemplo mais recente foi dado pelo dono da Web Summit, Paddy Cosgrave (originário de um país que chegou tarde ao capitalismo mas que sabe ‘vender-se’), que depois da pressão do Bloco de Esquerda e de organizações várias, via redes sociais, acabou por retirar o convite à dirigente política francesa Marine Le Pen.

Esta foi mais uma vitória de Francisco Louçã, que já tinha feito o mesmo ao pai Le Pen. O que está em causa é a liberdade de expressão e a liberdade que a organização do evento tinha e deixou de ter. Falta agora retirar os convites a todos os que tenham simpatias trotskistas, maoistas e comunistas para equilibrarmos as forças políticas. E o mais engraçado nisto tudo – goste-se ou não de Marine Le Pen – é que o partido desta senhora tem uns expressivos dez milhões de eleitores. Será que estes não se sentirão insultados?

Relembremos que esta é a nacionalidade que mais tem crescido no turismo em Portugal e nos investimentos em imóveis. Esperemos ainda que não nasça nenhum movimento contra a ida do presidente Marcelo ao evento conhecido com o “Davos da tecnologia”, sob pena de o tornarmos desinteressante. Ainda a propósito do “desconvite”, falta aparecer alguém que resolva convidar, para o mesmo dia do evento, a senhora Le Pen para visitar uma casa de fados e a partir daí fazer declarações à comunicação social. O efeito será o mesmo que estar com Paddy.

2. E se os neozelandeses tivessem a solução para o custo da habitação em Portugal? A pergunta não é retórica e resulta da decisão daquele país em proibir os estrangeiros de comprarem habitação no país, à exceção dos australianos. Entre nós, as queixas dos preços da habitação em Lisboa e Porto não param de aumentar. Os preços sobem 10%, 20% ou 30% e todos consideram que é a lei do mercado, mas quem é proprietário e espera um retorno de rendas sabe que só deverá poder aumentar 1,15% com base na inflação anualizada a agosto.

Ora, se o rendimento está indexado ao valor da coisa e se o rendimento é miserável e o valor da coisa tem a lua como limite, algo está mal. Aliás, os estrangeiros admiram-se com este país onde vêm tentar a sorte, porque o preço do imobiliário sobe 30% ao ano. Compram prédios sem os ver porque Portugal é uma ficha de casino que está a ser varrido por uma onda de especulação. Os neozelandeses podem ter a solução, repetimos em tom jocoso.

3. Ainda a propósito dos incêndios na zona de Monchique, continua a ser lamentável que o resultado para o Governo seja uma vitória. A miséria de muitos é transformada na vitória de alguns. Estes são os nossos políticos e o eleitorado já percebeu tudo. Parece que, afinal, há espaço para partidos novos ganharem deputados nas eleições europeias. Andam por aí umas sondagens a dizer isso mesmo.