Uma das maiores contribuições de Confúcio ao sistema político chinês – que ainda permanece – é o conceito de “mandato do céu”.

De acordo com esta perspetiva, os governantes – escolhidos divinamente – perderiam o mandato se governassem de maneira injusta ou incompetente. O mandato do céu enfatizava a importância da boa governança e da necessidade da moralidade como uma fonte relevante da legitimidade do poder. Os resultados positivos da ação do imperador eram a sua fonte principal de legitimidade.

Outro aspeto fundamental de influência do Confucionismo é a ênfase na educação e no autoaperfeiçoamento como base de um sistema para a promoção dos melhores, particularmente no governo.

Por meio de concursos que buscassem selecionar os melhores para exercer o poder, Confúcio enfatizou a necessidade de que para governar era preciso habilidades, virtudes e conhecimento aprofundado. O poder não é resultado da primogenitura, mas sim da capacidade meritória daquele que o exerce.

O avanço de uma sociedade somente decorre de um elevado nível de estabilidade e harmonia. Para alcançar este nível, a benevolência e sabedoria do governante constituíam elementos fundamentais para assegurar a prosperidade e bem-estar da população.

A harmonia social também seria mais elevada se a população fosse educada. O autoaperfeiçoamento, por meio do aprendizado e da busca do conhecimento, constituiria um fator essencial para o avanço social e a melhoria na qualidade de vida de um indivíduo. Quanto mais educada a sociedade, melhor seria o nível moral daqueles que ocupam o poder, que também deveriam exercê-lo com integridade, humildade e um sentido de dever com toda a sociedade.

Para Confúcio, a regra de ouro era a base da harmonia social. “Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você” é uma premissa repetida em vários sistemas éticos. No entanto, a ênfase dada por Confúcio também se transformou num modelo importante para assegurar melhor qualidade na convivência social, como uma forma imprescindível de assegurar paz e harmonia.

Talvez para nós, no Ocidente, a lição principal do Confucionismo deva ser a necessidade de reconstruirmos o mérito como elemento principal da governança política e da política. A democracia, construída a partir da ideia do voto como instrumento legitimador do poder, favorece mais o carisma do que o mérito. E isto é muito perigoso e desestabilizador. A polarização política é uma prova disso.