Mário Centeno considera que as medidas a serem adotadas pela banca para apoiar as famílias devem ser focadas em cada caso. O governador do Banco de Portugal alerta que não devem ser generalizadas pois há o risco de os apoios, como o congelamento das prestações de crédito, acabarem por empurrar a dívida para um futuro em que o ciclo económico poderá não ser tão positivo.
“As moratórias foram uma excelente medida”, começou por recordar Mário Centeno, notando que foram das mais inclusivas na Europa.
“Era um momento de máxima incerteza que acabou por ser muito bem resolvido do ponto de vista médico e económico, mas teve uma consequência claríssima para todos: ficámos com mais dívida no futuro, com mais juros para pagar mais tarde na vida”. E “nenhuma destas coisas é boa”.
Este apoio foi adotado num período em que as taxas de juro estavam baixas, realçou ainda, o que não acontece atualmente. “Agora que as taxas estão altas qual é a resposta? Suspender os pagamentos quando as taxas estão altas?”, questionou, frisando que “mais de metade dos contratos já teve uma taxa de juro mais alta do que tem hoje”.
“Confesso que não sou muito favorável a medidas generalizadas”, disse Mário Centeno, alertando que isto pode gerar “comportamentos de mimetismo e levar muitos a aderir a estas medidas sem terem verdadeiramente necessidade delas e criando um problema para o futuro”.
“Estas medidas devem ser muito focadas em situações de dificuldade”, reforçou.
Na conferência de imprensa para a apresentação dos resultados do primeiro trimestre, Paulo Macedo, CEO da Caixa, disse que o banco está a estudar um conjunto de soluções, nomeadamente complementar a bonificação dos juros para os clientes cumpridores. Para quem está em incumprimento, está a estudar fixar a prestação com base no valor do primeiro trimestre do ano passado.
O governador foi ainda questionado sobre as declarações do Presidente da República, que disse estar “esperançado” de que a banca e o Banco de Portugal estejam sensibilizados para o problema da subida das prestações dos créditos à habitação. “O supervisor não toma decisões pelos bancos”, disse Centeno, afirmando, contudo, que os bancos têm de cumprir “o seu papel”.
Notícia atualizada às 13:40
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