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Conheça as empresas e instituições com mais queixas em ano recorde de reclamações

Os portugueses reclamaram mais em ano de pandemia, tendo-se registado mais de 163 mil reclamações em 2020, uma média de 450 por dia, de acordo com os dados recolhidos pelo Portal da Queixa.
Cristina Bernardo
18 Janeiro 2021, 07h42

Os portugueses reclamaram mais em ano de pandemia, tendo-se registado mais de 163 mil reclamações em 2020, uma média de 450 por dia, de acordo com os dados recolhidos pelo Portal da Queixa.

Os sectores de ‘Correio, Transporte e Logística’; Comunicação, TV e Media e Serviços da Administração Pública foram as três categorias mais reclamadas, tendo as queixas disparam no SNS – Serviço Nacional de Saúde.

“Os portugueses reclamaram mais em 2020. O Portal da Queixa recebeu mais de 163 mil reclamações, um crescimento de 61,9% em relação a 2019. À maior plataforma de comunicação entre consumidores e marcas do país, chegou uma média de 450 reclamações por dia. Correio, Transporte e Logística; Comunicação, TV e Media; Serviços da Administração Pública, foram as três categorias mais reclamadas em 2020. O SNS foi a entidade pública que registou o maior aumento do número de reclamações, consequência natural da crise pandémica que se instalou, mas foi a Segurança Social que reuniu o maior volume de queixas”, resume um comunicado do Portal da Queixa.

Segundo essa nota, “em ano de pandemia, os portugueses mostraram o seu descontentamento com vários serviços prestados”, pelo que, “no Portal da Queixa, voltou a assistir-se a um novo recorde anual de reclamações registadas: um total de 163.584. 2020 representa o sétimo ano consecutivo de crescimento da plataforma, registando valores acima do que regista o Livro de Reclamações Eletrónico do Estado e da plataforma da DECO Proteste, durante o primeiro trimestre de 2020”.

De acordo com a análise do Portal da Queixa, em 2020, “o principal motivo de reclamações foi relativo ao comércio eletrónico – em toda a sua dimensão -, desde a compra de vestuário, tecnologia, mobiliário e produtos de beleza, contrariando a tendência, dos últimos anos, que era dominada pelas operadoras de telecomunicações”.

“Face à crescente digitalização do consumidor – que a pandemia veio acelerar -, o sector do ‘Correio e Entrega de Encomendas’, sofreu igualmente um aumento muito considerável, tendo em conta a enorme pressão a que foi sujeito, não só durante o Estado de Emergência, mas também durante a ‘Black Friday’ e o Natal. As empresas de entregas de encomendas passaram a ter um papel muito relevante em toda a jornada do cliente e os métodos de pagamento que passaram a facilitar todo o processo de compra ‘online’. Os hiper e supermercados, a par da restauração e das empresas de entregas de comida ao domicílio, foram os setores mais reclamados no início do Estado de Emergência, dando lugar a uma curiosa variação comportamental ao longo do período de confinamento, que passou pela compra de moda, cosmética, equipamentos de tecnologia para vídeoconferencias e mobiliário, revelando que os consumidores foram-se adaptando a uma nova realidade em casa. As agências de viagens e companhias aéreas foram alvo de um volume de reclamações abrupto, logo após a proibição de circular entre países, verificando-se uma diminuição gradual até ao verão de 2020.”, revela a equipa de análise do Portal da Queixa, em comunicado.

Correio, Transporte e Logística: MRW e CTT
Na categoria de entrega de encomendas, o grande destaque vai para a MRW, que viu as suas reclamações aumentarem 481% face ao ano anterior.

Os CTT foram a empresa do sector que foi alvo de mais queixas, 10.487, mais 143% que no ano precedente.

“As dificuldades de entrega dos milhões de encomendas que circularam pelo país, foram sentidas em quase todas as empresas que operam neste sector, ao representarem 40% do motivo das reclamações por atraso de entrega em 2020. No entanto, é importante salientar que mesmo com as dificuldades apresentadas, o nível de insatisfação manteve-se bastante elevado, na média dos 86 em 100. Este indicador de qualidade, revela que, não obstante o elevado número de reclamações, as empresas de entrega de encomendas demonstram preocupação e proximidade com os consumidores, tentando resolver os problemas apresentados”, sintetizam os responsáveis do Portal da Queixa.

Comunicações, TV e Media: Vodafone e MEO
Pelo segundo ano consecutivo, a Vodafone foi a operadora com a maior subida do número de reclamações face ao ano anterior. De igual forma, é a marca que detém a pior ‘performance’ relativamente ao Índice de Satisfação atribuído pelos consumidores.

A MEO continua a ser a empresa alvo de mais reclamações, 6.984, com uma subida de 49% em comparação com 2019.

“Este foi um setor que não sentiu um aumento muito significativo em tempo de pandemia, contudo continua a ocupar o ‘top 3’ dos sectores mais reclamados. Problemas relacionados com o mau serviço prestado no apoio ao cliente (36%) e condições contratuais (15%) são os motivos que mais geraram insatisfação”, explicam os responsáveis do Portal da Queixa.

Serviços de Administração Pública: Segurança Social e SNS
No sector da Administração Pública, foi a Segurança Social que reuniu o maior volume de reclamações, com um total 3.114 queixas, um crescimento de 87%.

“Sem surpresa, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi a entidade pública que registou o maior aumento do número de reclamações, consequência da crise pandémica que se instalou. Os serviços do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) foram também condicionados, não só, pelo aumento das solicitações de subsídios de desemprego, como também, pela dificuldade de pagamento dos respetivos subsídios. O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), assistiu a um aumento de 114%, motivado pelas dificuldades relacionadas com as cartas de condução”, revela o Portal da Queixa.

Comércio de Tecnologia e Grande Consumo: FNAC e Worten
Em representação do mercado de comércio de tecnologia e grande consumo, a FNAC obteve a maior subida do número de reclamações em 2020, para um total de 891, mais 119% .

No entanto, a empresa que mais queixas recebeu neste segmento foi a Worten, com um total de 3.727 reclamações, mais 75% que no ano precedente.

“A principal causa da insatisfação continua a ser devido ao mau serviço prestado pelo apoio ao cliente da marca. Dificuldades de contacto com o apoio ao cliente (23%), atraso de entrega das encomendas (16%), produtos com defeito (11%) e alegadas burlas no ‘Marketplace’ da FNAC (8%) foram as principais razões que motivaram as insatisfações”, esclarece o Portal da Queixa, acrescentando que, “por outro lado, a capacidade de resolução e satisfação, mesmo com um maior número de reclamações, é atribuída à Worten com 94 em 100 no índice de satisfação, apesar de continuar a registar um volume maior, obteve a menor variação relativamente ao ano anterior”.

Entregas ao Domicílio e Restauração: Glovo e Uber Eats
“Nas entregas de alimentação do domicílio, que foram amplamente requisitadas desde que se iniciou a pandemia, as principais marcas que representam o sector foram alvo de um aumento considerável, nomeadamente a Glovo que registou um crescimento de mais de 500% do número de reclamações”, assinala o Portal da Queixa.

Na verdade, a Glovo registou 791 reclamações, mais 533% que em 2019, mas a Uber Eats foi a que mais queixas motivou, um total de 2.917, uma subida de 196%.

“Os principais motivos das reclamações foram relativos aos pedidos de reembolso por falha da entrega (28%), seguindo-se o atraso nas entregas (24%) e produtos em falta (14%)”, adianta o referido comunicado.

Fornecedores de Eletricidade: Goldenenergy e EDP Distribuição

Neste segmento de atividade, a Goldenenergy registou 245 queixas, tendo registado o maior crescimento, na ordem dos 250%.

A EDP Distribuição concentrou o maior número de reclamações, 1.654, uma subida de 83%.

Companhias aéreas: easyJet e TAP
A companhia aérea ‘low cost’ easyJet foi a que registou maior crescimento do número de queixas, 112%, para um total de 278.

A TAP é a companhia aérea alvo de maior número de reclamações, com um total de 921, mais 25%.

Agências de viagens: Xtravel e Travelgenio
No sector das agências de viagens, a Xtravel teve um aumento do número de reclamações na ordem dos 3.700%, num total de 152.

A Travelgenio foi a empresa do sector com maior número de queixas, 316, com uma subida de 365%.

‘Sites’ de Reservas de Viagens: Opodo e eDreams
O ‘site’ Opodo foi o que teve um maior crescimento do número de queixas no ano passado, 2.025%, para um total de 85.

O ‘site’ eDreams foi alvo do maior número de reclamações, com um total de 1.349, um aumento de 83%.

‘Sites’ de reservas de alojamento: Airbnb e Booking
No que respeita aos ‘sites’ de reservas de alojamento, o Airbnb foi o que registou a maior subida de reclamações, 59%, num total de cem.

O Booking concentrou o maior número de reclamações, com um total de 292, uma subida de 55%.

Bancos, Financeiras e Pagamentos: Banco CTT e Caixa Geral de Depósitos
Neste sector, o Banco CTT protagonizou a maior subida de queixas, 79%, para um total de 386.

A Caixa Geral de Depósitos recebeu o número mais elevado de queixas, 639, um crescimento de 72%.

Mobiliário e Decoração: IKEA e Conforama
No segmento de mobiliário e decoração, o IKEA teve a maior subida de reclamações, 196%,para um total de 966.

A Conforama foi a empresa que registou um maior número de reclamações, 970, uma subida de 126%.

Hiper e Supermercados: Mercadona e Continente
A cadeia espanhola Mercadona foi a que registou uma maior subida de reclamações, na casa dos 1.300%, mas este comportamento é em parte explicado pelo facto de partir de uma base muito baixa, uma vez que registou no ano passado apenas 14 reclamações.

O Continente é a empresa do sector que recebeu mais queixas, 2.300, um crescimento de 109%.

Táxi e Veículos Ligeiros: FREENOW e Uber
A FREENOW registou o maior crescimento de reclamações, 140%, para um total de 327.

A Uber é a empresa do sector que agrega maior número de queixas, 889, um aumento de 28%.

Ginásios: Holmes Place e Fitness Hut
O Holmes Place foi a empresa do sector com maior subida de reclamações no ano passado, 120%, para um total de 77.

Já o Fitness Hut registou o maior número dequeixas, 322, com um crescimento de 83%.

Homens reclamam mais; Lisboa, Porto e Setúbal com mais queixas
“Segundo indica a análise feita pela equipa do Portal da Queixa, o consumidor do sexo masculino continua a ser o que mais reclama, mas em 2020, as queixas apresentadas pelas consumidoras registaram um crescimento de 68% face a 2019. A faixa etária dos consumidores mais reclamações apresentam situa-se entre os 35 – 44 anos de idade”, avança o comunicado do Portal da Queixa.

Em termos geográficos, “no ‘top 3’ dos distritos, Lisboa, Porto e Setúbal são os que mais reclamações apresentaram ao longo de 2020”, enquanto “Bragança é o distrito onde os portugueses menos reclamam”.

“O ano 2020, caracterizou-se, sem dúvida, por ser atípico devido à pandemia de Covid-19, contudo, apenas veio acelerar uma tendência há muito anunciada, relativa à transição digital da maioria dos consumidores. Esta rápida mudança comportamental, causou dificuldades de adaptação aos novos modelos de gestão empresarial, motivados pelo confinamento e pela obrigação do teletrabalho, e gerou a necessidade de as marcas encontrarem novas formas de se relacionarem com os seus clientes. Por sua vez, estes foram forçados a uma nova realidade de consumo através da internet, que revelou as inúmeras fragilidades dos consumidores ao utilizarem equipamentos tecnológicos, demonstrando a baixa literacia digital em Portugal.”, considera Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa e fundador da Consumers Trust.

O Portal da Queixa é uma plataforma global de comunicação entre consumidores e marcas que foi fundada em junho de 2009. Hoje, é visitado por mais de dois milhões de consumidores mensais e recebe em média 15.000 reclamações por mês.

Tem mais de 500.000 utilizadores registados e 8.200 marcas estão presentes na plataforma.

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