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Conselho de Redação da RTP repudia declarações de Montenegro sobre uso de auriculares por jornalistas

“Consideramos inaceitável e ofensiva a sugestão de que os jornalistas utilizam auriculares para receber perguntas “sopradas” ou ler questões pré-escritas nos telemóveis”, refere o Conselho em comunicado.
9 Outubro 2024, 13h40

O Conselho de Redação da RTP repudia, em comunicado, as declarações de Luís Montenegro sobre o uso de auriculares por jornalistas, pedindo que o primeiro-ministro se retrate face ao sucedido.

“Consideramos inaceitável e ofensiva a sugestão de que os jornalistas utilizam auriculares para receber perguntas “sopradas” ou ler questões pré-escritas nos telemóveis. Esta afirmação demonstra um profundo desconhecimento sobre o funcionamento técnico dos meios televisivos e um desrespeito pela integridade
profissional dos jornalistas”, referem os jornalistas da estação pública numa nota emitida esta quarta-feira, no dia seguintes às declarações do governante.

Perante este “diagnóstico”, o Conselho de Redação clarifica o uso deste instrumento “essencial” pelos profissionais que se encontrem em reportagem, permitindo-lhes “escutar a emissão e as indicações da redação permitindo que se adaptem às necessidades da transmissão em tempo real e recebam informações cruciais
para o desenvolvimento da reportagem”, “comunicar com a régie facilitando a coordenação e o trabalho colaborativo, garantindo a qualidade da informação transmitida” e “receber informações relevantes que podem ser cruciais para a contextualização da notícia e para a formulação de perguntas pertinentes”.

“É lamentável que o primeiro-ministro, tendo na sua equipa assessores com experiência em televisão, não se tenha informado sobre a função dos auriculares antes
de fazer afirmações levianas e desrespeitosas. O CR da RTP defende um jornalismo independente, rigoroso e crítico, que questione o poder e cumpra o seu papel de serviço público. Acreditamos que é preferível um jornalismo “ofegante”, que busca a verdade e a prestação de contas numa sociedade democrática e informada do que jornalistas amansados pelo poder político para o tentar transformar em mera voz de quem tem o poder institucional”, acrescentam os jornalistas na mesma nota.

O Conselho de Redação apela, ainda, a Luís Montenegro “que se retrate pelas suas declarações e reconheça a importância de um jornalismo livre e independente”.

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