O Conselho Geral Independente (CGI) considera “positivas” várias medidas e orientações tomadas pela administração da RTP no primeiro semestre de 2021, de acordo com o relatório de avaliação intercalar do cumprimento do Projeto Estratégico.
“No primeiro semestre de 2021, foram várias as medidas e orientações tomadas pela gestão que o CGI considera positivas para o robustecimento da RTP como prestadora de um serviço público de rádio e de televisão, não só no âmbito dos conteúdos, como também das boas práticas empresariais”, lê-se no relatório datado de 09 de dezembro, a que a Lusa teve acesso.
O órgão tem, entre as suas competências, a fiscalização e supervisão da atividade da RTP, bem como a escolha da administração da empresa, de acordo com um projeto estratégico, estando a designação do membro responsável pela área financeira sujeita a parecer prévio e vinculativo das Finanças.
Entre as “medidas mais relevantes no plano da política de conteúdos e outras áreas”, o CGI destaca o “reforço dos conteúdos informativos, de entretenimento e educativos, no contexto da nova crise sanitária e respetivos constrangimentos, ao nível dos diversos serviços de programas de rádio, de televisão e nas plataformas digitais, refletindo a adaptação das respetivas grelhas à situação vivida”, bem como a “continuidade dos conteúdos educativos “#EstudoEmCasa”, em parceria com o Ministério da Educação, envolvendo as diferentes áreas da RTP (RTP Memória, RTP Ensina e RTP Play), transmitidos na RTP Memória e simultaneamente disponibilizados no sítio da RTP”.
Destaca também a continuidade dos conteúdos educativos “Aprender em Casa”, em parceria com a Região Autónoma dos Açores, através da Secretaria Regional da Educação e Cultura, para a transmissão televisiva de conteúdos pedagógicos temáticos do Pré-Escolar e de Matemática do 1.º ciclo do Ensino Básico, na RTP Açores, disponíveis no sítio da RTP, o reforço dos conteúdos diurnos e diários da RTP1, “adaptados à função didática e informativa, tendo em conta o contexto da situação de emergência” e o “investimento na produção e exibição de ficção original portuguesa, na RTP1, em formatos diferenciados como séries, telefilmes e longas-metragens para cinema”.
Além disso, “o CGI avalia ainda positivamente o aprofundamento, neste primeiro semestre de 2021, de algumas das medidas já adotadas anteriormente, e a criação de outras que irão possibilitar uma gestão empresarial mais eficiente”.
Entre elas estão a “renovação tecnológica e operacional, com destaque para a migração para HD, na área da televisão, do Estúdio C, Central Técnica, Continuidade e Gestão de Media, no Centro de Produção Norte”, a “renovação de estúdios, sistemas de produção, emissão e distribuição de rádio, nomeadamente o lançamento de todas as Rádios no universo Dalet Galaxy3, em Lisboa e Porto”, e a “implementação da linha de apoio psicológico, oferecendo aos trabalhadores um suporte e estratégias para fazer face às preocupações e desafios psicológicos, em particular no atual contexto de pandemia”.
O órgão adianta que no semestre “os rendimentos e ganhos apresentam variações favoráveis de 3,8 milhões de euros (4%), quando comparados com o período homólogo do ano anterior, assim como um desvio positivo de 3,2 milhões de euros (3%) face ao orçamento”.
Já as receitas comerciais recuperaram, nomeadamente a publicidade e os serviços prestados, entre os quais os de ‘host broadcasting’ da Presidência Portuguesa da União Europeia.
No que respeita aos gastos e perdas, “verifica-se um aumento de 11,3 milhões de euros (12%), quando comparado com o período homólogo do ano anterior, e um desvio positivo de 1,4 milhões de euros (1%) face ao orçamento, variações que derivam fundamentalmente do investimento na grelha de programas, que cresce 28% face a 2020”.
O CGI salienta que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da RTP foi positivo em cerca de 5,6 milhões de euros, abaixo dos 13 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado, mas 1,8 milhões de euros acima do previsto em termos orçamentais, “variações que resultam sobretudo do maior investimento verificado na área de programas”.
No primeiro ano do novo Projeto Estratégico — primeiro ano do mandato da administração liderada por Nicolau Santos — “há aspetos que deverão ser introduzidos ou desenvolvidos, alguns referidos em anteriores Relatórios, de modo a tornar a RTP um operador mediático distintivo, inovador e de referência, no panorama audiovisual”, salienta o CGI.
Entre estes aspetos constam, por exemplo, “prosseguir o esforço de dinamização da produção independente, garantindo a diversidade de produtores e de géneros de conteúdos”, “desenvolver uma grelha de programação com mais emissão própria, coerente e diversificada, nos serviços de programas de televisão regionais, em detrimento da emissão em simultâneo com a RTP3, reforçando ainda mais a identidade dos serviços de programas regionais, nomeadamente com uma informação de proximidade”.
O desenvolvimento de “formatos transversais aos vários serviços de programas que reflitam uma maior representatividade da sociedade, nomeadamente com maior diversificação étnica, geograficamente mais abrangente e, sempre que possível, com uma maior presença das novas gerações” também é referido.
O CGI aponta ainda a criação de novos indicadores de eficiência “que permitam aumentar a qualidade de monitorização eficaz dos objetivos do Projeto Estratégico”.
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