Os holofotes do LEFFEST, que mais uma vez se partilha entre Lisboa e Sintra, estão apontados à cultura cigana, numa altura em que é “extremamente importante fazer toda uma análise do que é verdadeiramente a cultura ‘rom’ e de tudo o que nos tem dado”. Recordamos as palavras de Paulo Branco, diretor e produtor do festival, aquando da apresentação do programa do festival, para introduzir o contingente que irá prestar homenagem à cultura Rom no LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival.
Mónika Lakatos, a primeira artista cigana a receber o prémio Womex, é um dos nomes em destaque, e irá atuar em conjunto com o português Ricardo Ribeiro, que identifica a música rom como uma das influências do seu canto. O flamenco atual estará representado pelo bailarino Farruquito e pelo Josémi Carmona Trio com Pepe Habichuela, e regista-se o regresso dos romenos Taraf de Haidouks, agora com um novo projeto, Taraf de Caliu. A encerrar o festival, no dia 20 de novembro, a No Smoking Band, do realizador sérvio Emir Kusturica, que integra o júri desta edição, servirá aquilo que Petar Popovi descreve como uma “mistura explosiva de sons do tipo nitroglicerina”.
O LEFFEST apresenta onze filmes em competição e mais de uma dezena fora dela. É nesta secção que figuram os mais recentes trabalhos de Wes Anderson, “The French Dispatch”, que será o filme de abertura, e de Paul Schrader, “The Card Counter”, além de “Benedetta” de Paul Verhoeven e “Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar, passando por “Les Olympiades”, de Jacques Audiard e pela trilogia da dupla portuguesa Joaquim Pinto e Nuno Leonel, “Pathos Ethos Logos”.
A Competição Oficial reúne autores consagrados e jovens realizadores de diversas cinematografias, e estará na mira do júri composto por Emir Kusturica, realizador, argumentista, ator e músico, J.M. Coetzee, escritor e Prémio Nobel da Literatura (2003), Maria Speth, realizadora, argumentista e produtora, Dolores Chaplin, atriz, neta de Charlie Chaplin e por Ana Luísa Amaral, poeta e professora universitária. Será este o quinteto responsável pela escolha dos vencedores dos prémios do festival, concebidos pelo artista Julião Sarmento.
A cultura Rom estará no centro das atenções pela música mas também, como não podia deixar de ser, pelo cinema, com um ciclo de filmes de Tony Gatlif, que realizou a sua primeira longa-metragem em 1975, “La Tête en ruines” e viu a mais recente, “Tom Medina”, estrear este ano em Cannes. A programação focada nos Rom integra ainda três debates históricos: do Al-Andaluz à “Gran-Redada” em 1749; a perseguição e genocídio dos Rom pelos Nazis durante a Segunda Grande Guerra; a situação atual na Europa ocidental; e uma exposição da artista rom e sobrevivente do holocausto Ceija Stojka – uma mostra que reúne pinturas e textos da sua autoria, e dois filmes de Karin Berger, “Ceija Stojka” e “Unter den Brettern Gras”.
Sete autores de referência trazem densidade e emoção às Homenagens e Retrospetivas. A realizadora neozelandesa Jane Campion terá uma retrospetiva integral da sua obra, incluindo o muito aguardado “The Power of the Dog”, que lhe valeu o prémio de melhor realização no festival de Veneza. O cineasta japonês Ryusuke Hamaguchi brinda o público português com duas antestreias – “Wheel of Fortune and Fantasy”, Urso de Prata e Grande Prémio do Júri no Festival de Berlim, e “Drive My Car”, Selecção Oficial em Competição no Festival de Cannes, pelo qual recebeu o Prémio de Melhor Argumento, o Prémio FIPRESCI e o Prémio do Júri Ecuménico; e Maria Speth faz-se representar com o seu último filme, “Herr Bachmann und seine klasse”, que traz no bolso o Prémio do Júri no Festival de Berlim.
O cineasta romeno Cristi Puiu, um dos nomes maiores do cinema romeno contemporâneo, também estará presente, assim como o aclamado documentarista Mike Dibb, com o seu novo filme “Painted With My Hair”, em estreia mundial. Dois focos estarão igualmente em destaque: o Teatro, com Romeo Castellucci, referência do teatro europeu da atualidade, através da exibição das suas encenações filmadas e de uma masterclass; e “Work in Progress”, dedicado ao realizador e produtor português Rodrigo Areias, fundador da Bando à Parte, com sede em Guimarães, cujo catálogo integra mais de uma centena de títulos cinematográficos.
A secção CinemART vai exibir três filmes do português Henrique Pina e também “Memory Box”, o novo filme dos artistas e cineastas Joana Hadjithomas e Khalil Joreige, em antestreia nacional. Não menos importante, o festival volta a prestar homenagem ao trabalho da Cinemateca Francesa, pelo segundo ano consecutivo, com a exibição de três clássicos – F for Fake (1975), Le Sang des Bêtes (1949) e A Regra do Jogo (1939) – escolhidos exclusivamente para o LEFFEST’21 pelo diretor da instituição, Frédéric Bonnaud.
A comunidade escolar continua no radar do Serviço Educativo, que chama a si a componente formação e desenvolvimento crítico do público infantil e juvenil através do cinema. Uma das apostas que o festival mantém e vem a reforçar ao longo das suas 15 edições.
O LEFFEST vai ter, pela primeira vez, uma extensão no Porto, de 21 a 25 de novembro, em parceria com os Cinemas NOS.
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