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Contribuição total do turismo para a economia já é cerca de 20%, diz fiscalista

Ricardo João Reis, ‘partner’ da Deloitte, referiu esta quinta-feira que essa contribuição envolve a indireta, a direta e a induzida. O país está “a conquistar novos mercados com outro poder económico, o que significa exigência e oportunidade de aumentar o valor dos serviços que prestamos”, defende.
18 Julho 2024, 18h12

O fiscalista Ricardo João Reis afirmou esta quinta-feira, no “Encontro Fora da Caixa” da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que a contribuição total do turismo para a economia portuguesa “já está na casa dos 20%”, considerando as contribuições indiretas, diretas e induzidas.

O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, espera que em 2033 o turismo possa representar 20% do PIB nacional, arrecadando mais de 56 mil milhões de euros de receitas e empregando mais de 1,2 milhões de pessoas, de acordo com declarações proferidas no início deste mês.

Porém, o partner da Deloitte esclarece que esse valor se prende apenas com a contribuição direta, porque no geral essa percentagem dos 20% foi atingida. “O turismo é uma atividade do tamanho do mundo. É a vida em si mesma. É aquilo que fazemos quando temos tempo e dinheiro disponíveis. É um dos sectores locomotiva”, sintetizou o também responsável pelo sector imobiliário desta consultora em Portugal.

Lembrando que o sector do turismo em Portugal é feito de aproximadamente 30 milhões de hóspedes e seis mil milhões de euros de proveitos (2023), Ricardo João Reis alertou que a vizinha Espanha tem uma competitividade turística que só fica atrás dos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

“Se nós compararmos por Espanha, vemos que a contribuição total do sector do turismo para a economia espanhola faz-se com um terço dos postos de trabalho. Ou seja, em Portugal faz-se com 10% de postos de trabalhe para contribuição de 20% e em Espanha são 4,5% dos postos de trabalho para cerca de 15% [14,5%] da contribuição”, explicou o especialista, no evento da CGD do qual o Jornal Económico é media partner.

Dos novos mercados às emissões de gases. Pontos positivos e negativos

Ricardo João Reis considera que Portugal está “a conquistar novos mercados com outro poder económico, o que significa exigência e oportunidade de aumentar o valor dos serviços que prestamos”, argumentando com o pódio das origens do turismo: Espanha (proximidade geográfica) Reino Unido e Estados Unidos, que não apareciam nesta tabela num passado recente.

Quais são as mais-valias? A tendência favorável do comportamento do consumidor, o facto de a reduzida quota de mercado nos grandes mercados emissores ter potencial, a recente conquista de novos mercados de maior valor acrescentado e o momento de investimento das grandes cadeias internacionais são as maiores oportunidades do sector do turismo, na opinião do partner da Deloitte.

Por outro lado, os principais desafios dividem-se entre riscos de sustentabilidade ambiental e social. No caso do ambiente, a emissão de gases (8% das emissões globais de CO2), o consumo de água (cada turista equivale ao dobro ou ao triplo de um residente) e o consumo de energia e transição energética. Em termos sociais, sem surpresas: a pressão das comunidades locais (Portugal é o sétimo país da União Europeia com maior número de dormidas por habitante), o alojamento local, turismo residencial e acesso a habitação e a atração de talento, melhoria da qualificação e da produtividade.

Ricardo João Reis falou ainda sobre como os sectores do turismo e do imobiliário se cruzam e se podem fazer crescer conjuntamente, a par com políticas públicas. “O turismo residencial não é transferência de residência nem é de curta duração. São pessoas que veem no destino a possibilidade de nele permanecerem mais tempos e nessa perspetiva acabam por adquirir segunda habitação. Os dados mostram que em 2023 a compra de casa na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa foi 67% por nacionais e 33% por estrangeiros”, exemplificou, neste encontro que decorre no Cineteatro de Alcobaça.

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