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Cooperação económica sino-portuguesa “imune” às pressões americanas

O quarto maior investidor direto estrangeiro em Portugal vai receber, ao longo de 2025, cinco missões de negócios da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Em sentido contrário, Portugal vai receber duas missões chinesas. 
China
A surveillance camera is silhouetted behind a Chinese national flag in Beijing, China, November 3, 2022. REUTERS/Thomas Peter/File Photo
19 Fevereiro 2025, 07h00

A cooperação económica China – Portugal (e UE) não parece dar sinais de abrandamento, muito pelo contrário, mostrando alguma imunidade aos “conselhos” que dos Estados Unidos chegaram no final do ano passado. No Fórum para a cooperação e desenvolvimento Portugal-China & Europe-China, que decorreu esta terça-feira,  as oportunidades entre Portugal e a China, por um lado, e a União Europeia e a China, por outro, nomeadamente no setor automóvel, estiveram em discussão durante a manhã em Lisboa.

O quarto maior investidor direto estrangeiro em Portugal vai receber, ao longo de 2025, cinco missões de negócios da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Em sentido contrário, Portugal vai receber duas missões chinesas.

Ascendendo a 12 mil milhões de euros no final do ano passado, o investimento direto estrangeiro (IDE) chinês em Portugal catapultou para os dois dígitos nos últimos anos, com a indústria da saúde a assumir uma preponderância crescente, frisou Ricardo Arroja, presidente da AICEP, durante o Fórum para a cooperação e desenvolvimento Portugal-China & Europe-China, que decorreu esta terça-feira.

Para a próxima década, os objetivos estão traçados: fomentar e acompanhar o “crescimento do interesse mútuo” entre as duas economias, apontando a novas áreas e indústrias para captar investimento, aproveitando o potencial dos países lusófonos.

“No mandato de atração de investimento direto estrangeiro para Portugal”, explicou Ricardo Arroja, a AICEP compromete-se a garantir serviços de apoio para as empresas, seguindo um princípio de descentralização. O objetivo é facilitar que o investimento chegue a várias zonas do país – além de Lisboa e Porto -, incluindo nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, e, com ele, as oportunidades para essas regiões.  “Uma das nossas missões indiretas é reduzir as assimetrias que ainda vemos no investimento”, afirmou. 

Aos interlocutores chineses, Ricardo Arroja apresentou os quadros portugueses das várias engenharias como um importante “ativo” nacional, bem como da área das ciências e das tecnologias. “À nossa escala, somos um importante fornecedor de expertise em engenharia”, sublinhou, recordando os programas do AICEP em parceria com universidades.

O evento foi organizado pela Câmara do Comércio da China junto da União Europeia (CCCEU) e pela Associação de Sociedades Chinesas em Portugal (ASCP).

Zhao Bentang, Embaixador da República Popular da China em Portugal, comentou a “cooperação mutuamente benéfica” entre os dois países como “um exemplo de cooperação de ganhos compartilhados entre países com sistemas sociais, contextos históricos e dimensões territoriais diferentes”.

“Este ano assinala também o 20.º aniversário do estabelecimento da Parceria Estratégica Global entre a China e Portugal. A China e Portugal, tendo Macau como elo de ligação, mantêm uma relação de entendimento e respeito mútuo, desenvolvendo uma cooperação pragmática e mutuamente benéfica em múltiplas dimensões. A China continua a ser o maior parceiro comercial de Portugal na Ásia e tornou-se o quarto maior país de origem dos investimentos no país”, afirmou.

“A China e a Europa, assim como a China e Portugal, são parceiros comerciais e destinos de investimento importantes para ambos. Num mundo em constante turbulência, é ainda mais necessário retirar os óculos coloridos da ideologia, eliminar as interferências externas e, tendo em conta os interesses reais dos povos de ambas as partes, aproveitar plenamente o papel das relações económicas e comerciais como estabilizadores e promotores. Devemos continuar a cooperação pragmática, explorar o potencial da colaboração económica e comercial, e trazer mais benefícios para os povos de ambas as partes”, acrescentou o diplomata.

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