A realização da COP28 nos Emirados Árabes Unidos – um dos maiores exportadores de petróleo do mundo – para além da contestação das organizações ambientalistas, trouxe consigo um número recorde de lobistas da indústria petrolífera.

Ao invés do momento servir para sensibilizar uma das indústrias mais poluentes para a emergência de uma transição energética que deixe os combustíveis fósseis no passado, algo difícil de fazer sem a sua cooperação, assistimos a declarações negacionistas do Presidente da COP Sultan Ahmed Al Jaber sobre as alterações climáticas e a ausência da “eliminação progressiva” dos combustíveis fósseis do rascunho final divulgado, acabou por levar ao prolongamento da COP, para “evitar o fracasso” da cimeira.

A realização da COP28 no Dubai e a já anunciada realização da 29.ª edição no Azerbaijão –que para além da controvérsia ambiental, soma as acusações de violações de direitos humanos, incluindo do Parlamento Europeu – desvanecem qualquer otimismo quanto ao futuro destas cimeiras.

Combater os efeitos das alterações climáticas passa desde logo por assumir o problema e as suas causas, por não continuar a dar “borlas fiscais” às grandes poluidoras e por promover a transição da produção de combustíveis fósseis para o desenvolvimento de uma economia verde, que respeite os limites e equilíbrio do planeta e o direito das gerações futuras a um clima estável.

A descarbonização da economia, a transição dos modos de produção, como a pecuária, a par da mobilidade são desafios globais que não podem ser ignorados. Um dos setores importantes a transformar é o dos transportes, em particular no reforço dos transportes públicos e no incentivo à sua utilização, algo promovido através de medidas como as que o PAN conseguiu no OE 2024,  com a possibilidade de dedução em sede de IRS do valor do preço dos bilhetes e dos passes e do alargamento do passe sub23 a jovens em cursos profissionais, medida esta que irá acrescentar mais 200 mil jovens aos que já beneficiam da gratuitidade deste passe.

Soma-se ainda o alargamento da gratuitidade dos sistemas de bicicletas partilhadas a todos os passes de transportes gratuitos – o maior incentivo à mobilidade ciclável dos últimos anos e que beneficiará quase dois milhões de portugueses e a redução do IVA para 6% da compra e reparação de bicicletas.

As contas certas de que tanto ouvimos falar têm que começar a ser feitas com o ambiente e sem desvirtuar os fins de cimeiras como a COP. Perderem-se sozinhos no deserto é uma coisa, levarem o resto do planeta com eles, é outra.