O regime brutal da Coreia do Norte está a usar uma série televisiva de ficção para criticar a democracia da Coreia do Sul.
O site de propaganda da Coreia do Norte Arirang Meari considera que o programa ‘Squid Game’ da plataforma Netflix “revela a realidade da sociedade” sul-coreana e que está a ter sucesso por “demonstrar a realidade capitalista da Coreia do Sul”, segundo o artigo citado pela agência Efe.
O site aponta que a série demonstra a “triste realidade da sociedade bestial da Coreia do Sul na qual os seres humanos são conduzidos a um nível de competição extrema e a sua humanidade é retirada”, segundo a “Reuters”.
A série está a ter sucesso em todo o mundo e está a caminho de ser uma das mais vistas de sempre na Netflix. Mas para os olhos da Coreia do Norte, o ‘Squid Game’ mostra como o peso das dívidas força centenas de pessoas a viverem “vidas infernais”. O site diz que a Coreia do Sul é uma “sociedade desigual em que as pessoas são tratadas como peças de xadrez. A corrupção é algo comum”.
Quem for apanhado na Coreia do Norte a ver séries da democracia do sul arrisca penas de prisão ou multas. Quem falar como um sul-coreano também arrisca castigo. O líder Kim Jong Un aprovou em 2020 uma nova lei que prevê penas de prisão até 15 anos a quem for apanhado a ver filmes, séries ou músicas da Coreia do Sul.
Lançado em setembro, o ‘Squid Game’ conta a história de Seong Gi-hun, um homem de meia idade de Seoul que decide participar numa competição macabra, sangrenta e misteriosa com o objetivo de ganhar 33 milhões de euros. Com o dinheiro, o homem desesperado espera poder pagar um tratamento à sua mãe e evitar a amputação dos seus pés devido à diabetes, e também ficar com a guarda da sua filha, que está prestes a rumar para os Estados Unidos com a sua mãe e padrasto. A série foi escrita e realizada por Hwang Dong-hyeok.
Mas às críticas à cultura da Coreia do Sul não são de agora. O mesmo site disse antes que as estrelas do género musical K-Pop são tratadas como “escravos” pela indústria discográfica, vivendo “vidas miseráveis” a sul da fronteira.
Antes, a cultura também foi usada para atacar a democracia de Seoul. Em fevereiro de 2020, um jornal pró-Coreia do Norte, mas sediado no Japão, aplaudiu o filme “Parasitas” (que venceu o Óscar de melhor filme estrangeiro) por expor a “realidade” vivida na Coreia do Sul, do fosso entre ricos e pobres.
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