Coreia do Sul, China e Japão realizaram este domingo o primeiro encontro económico em cinco anos, tentado encontrar o comércio regional enquanto as três potências exportadoras asiáticas se preparam para as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Esta espécie de liga dos ‘lesados das tarifas Trump’ era desde a primeira hora uma decorrência da imposição destas tarifas, que a administração Trump vem impondo de forma cega por considerar, contra todas as evidências, que essa será uma forma de recuperar a economia interna dos Estados Unidos.
Os três ministros do Comércio dos países – dois deles aliados costumeiramente incondicionais dos Estados Unidos – concordaram em “cooperar estreitamente para encontrarem uma plataforma de negociações abrangentes e de alto nível” sobre um acordo de livre comércio entre Coreia do Sul, Japão e China. Comércio regional, evidentemente, mas com capacidade para ter uma palavra global em vários setores, nomeadamente a indústria automóvel, dos componentes automóveis. Se o seu alargamento for ponderado pelas três das maiores potências económicas regionais, o acordo pode também ser muito apelativo para outros países, nomeadamente o Vietname, a Indonésia e até a Índia.
“É necessário fortalecer a implementação da RCEP, da qual todos os três países participaram, e criar uma estrutura para expandir a cooperação comercial entre os três países por meio das negociações do ALC Coreia-China-Japão”, disse o ministro do Comércio da Coreia do Sul, Ahn Duk-geun. O ministro referia-se à Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), um tratado de livre-comércio proposto na região Ásia-Pacífico entre os dez Estados-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname e cinco dos parceiros da Área de Livre Comércio (ALC) da ASEAN – Austrália, China, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul. A Índia, que também é parceira da ALC da ASEAN, optou por retirar-se das negociações do RCEP em novembro de 2019. As negociações do RCEP foram formalmente lançadas em novembro de 2012, na Cúpula da ASEAN, no Camboja.
Seul, Pequim e Tóquio são importantes parceiros comerciais dos Estados Unidos, embora tenham tido conflitos entre si sobre questões como disputas territoriais e a liberação de águas residuais do complexo nuclear destruída de Fukushima pelo Japão. As dificuldades de entendimento entre os três – que resultaram do poder cada vez mais vincado da China na região e da oposição de Trump a um acordo entre os asiáticos ao longo de todo o seu primeiro mandato – fizeram com que não houvesse progressos substanciais: abordado em 2012, um acordo trilateral de livre comércio nunca passou do capítulo das intenções. Mas o RCEP, que entrou em vigor em 2022 como estrutura comercial entre 15 países da Ásia-Pacífico, que visa reduzir as barreiras comerciais.
A nova investida da Casa Branca sobre o comércio mundial pode ser aquilo que faltava para as intenções iniciais acabarem por cumprir-se. Recorde-se que Trump anunciou tarifas de importação de 25% sobre automóveis e componentes na semana passada, uma medida que pode ter forte impacto sobre as marcas asiáticas de viaturas, que estão entre as maiores exportadoras para os Estados Unidos. Depois do México, a Coreia do Sul é o maior exportador mundial de veículos para aquele mercado, seguida pelo Japão.
A próxima reunião ministerial dos três países realizar-se-á no Japão, segundo dizia fonte da organização do encontro deste fim-de-semana.
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