[weglot_switcher]

Coronavírus coloca Wall Street à defesa

É expectável que exista uma resposta, talvez mesmo coordenada, de vários países e autoridades monetárias, o que poderá vir a suportar o mercado.
24 Fevereiro 2020, 11h25

Depois de o tema dominante no mercado, nos últimos dias, ter sido a progressão da epidemia do coronavírus na China, e respectivas consequências na segunda economia do mundo, os investidores são agora confrontados com a inevitável realidade do alastramento da crise de saúde pública a outros países, a um ritmo que coloca para já o sentimento do mercado em modo de cautela e busca por protecção.

Com perto de 80.000 infectados e quase 2.500 vítimas mortais confirmadas, o coronavírus está agora na fase de se revelar ao mundo, não como um perigo apenas para o país mais populoso do mundo, mas também para todos os outros, sem que a distância seja um indicador de maior ou menor segurança – não obstante a Coreia do Sul ser o segundo país com mais infectados, Itália vem logo a seguir com mais de 150 pessoas infectadas e três mortes registadas até ao momento.

Este fim de semana foi aliás uma revelação para a Europa, que sentiu a ameaça dentro de portas com o cancelamento do Carnaval em Veneza dois dias antes do término previsto, e a quarentena imposta em algumas cidades das regiões italianas de Veneto e Lombardia, onde escolas e empresas irão permanecer encerrados para tentar diminuir o risco de contágio e propagação.

Ou seja, as medidas de contenção e os seus impactos diversos são já uma realidade dentro do espaço europeu. Facto que, aliado ao alastrar da crise em diversas outras importantes economias, como Japão, Singapura, Alemanha e EUA, está a levar os investidores a reduzir o risco, com os futuros do S&P 500 a perderem mais de -1% durante a madrugada.

Nesta fase ainda é cedo para se aferir da gravidade da situação no médio prazo. A Organização Mundial de Saúde alertou e pediu aos restantes países para se preparem, visto que seria uma questão de tempo até a propagação lhes bater à porta.

É portanto igualmente previsível e quase inevitável que, ao nível económico, os efeitos negativos se comecem a sentir de uma forma mais visível e concreta, para além do caos em que se encontram milhões de empresas na China, onde, segundo uma sondagem recente, cerca de um terço só tem liquidez para um mês de despesas fixas e outro terço para dois meses.

Dito isto, é expectável que exista uma resposta, talvez mesmo coordenada, de vários países e autoridades monetárias, o que poderá vir a suportar o mercado, ou pelo menos a minorar uma eventual correcção, sendo que nos próximos dias a cautela deverá ser a palavra de ordem junto dos investidores, podendo fazer disparar a volatilidade.

O gráfico de hoje é do ouro, o time-frame é semanal.

 

 

Nas duas últimas ondas ascendente o ouro valorizou cerca de $200 por onça, será importante estar atento ao quanto conseguirá nesta terça onda, sendo que um acréscimo de ganhos irá revelar mais força relativa.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.