A Reserva Federal americana (Fed) decidiu cortar os juros em 25 pontos base, para um intervalo entre 4,00% e 4,25%, pela primeira vez desde dezembro de 2024, anunciou a instituição, no final de uma reunião de dois dias. Esta é uma boa notícia para Donald Trump mas já era esperada pelo mercado.
Assim, o S&P 500 perdeu 0,1% para 6.600,42 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite recuou 0,33% para 22.261,33 pontos. Já o industrial Dow Jones subiu 0,57% para 46.018,50 pontos.
A instituição, liderada por Jerome Powell, tem sido alvo de muitas críticas do presidente norte-americano, Donald Trump, que apelou por várias vezes para uma descida das taxas de juro mais rápida e mais agressiva.
Jerome Powell no seu discurso destacou a tensão entre os dois mandatos da Fed, com as pressões inflacionistas persistentes enquanto os dados do mercado de trabalho enfraquecem, o que significa que “não há um caminho sem riscos” pela frente, frisou.
A Reserva Federal americana (Fed) subiu também as suas estimativas para o crescimento da economia americana este ano, para 1,6%, face aos 1,4% que tinha avançado em junho.
John Lamb, Diretor de Investimentos em Ações da Capital Group defende que “embora um corte da taxa de juro por parte da Fed possa oferecer suporte de curto prazo para as ações, não é um caminho garantido para ganhos no mercado”.
”Os investidores devem avaliar cuidadosamente a justificação por detrás dos cortes e considerar até que ponto já foram precificados”, alerta o especialista.
“Com a recuperação das ações globais e a expansão da liderança de mercado para além do setor tecnológico dos EUA, para a Europa, Japão e mercados emergentes, é crucial evitar o posicionamento binário”, defende John Lamb.
“A expansão também está a ocorrer a nível setorial, com os setores industriais a beneficiarem de tendências como o aumento dos gastos com defesa na Europa, eletrificação e automação, e investimentos em data centers”, sublinha.
“Em vez de perseguir manchetes, concentrar-se em fundamentos de longo prazo, crescimento diversificado dos lucros e seleção disciplinada de ações é fundamental para navegar pela volatilidade contínua e captar oportunidades em todos os setores e regiões”, defende o gestor de investimentos.
Já Robert Lind, Economista-Chefe do Capital Group diz que “o corte das taxas de juro por parte da Fed reflete os crescentes sinais de desaceleração económica e de um mercado de trabalho em retração. O crescimento do emprego enfraqueceu claramente e o desemprego aumentou ligeiramente. No entanto, com a inflação ainda a ser uma preocupação — especialmente com as tarifas a refletirem-se nos preços — o caminho da Fed para o futuro continua equilibrado. Uma maior flexibilização será provavelmente cautelosa e dependente de dados”.
“Embora a perspetiva esteja a atenuar-se, ainda não estamos em território de recessão. Estamos a observar os sinais de perto. Este é um momento de vigilância — não de complacência — e, para os investidores, é um momento para navegar de forma muito seletiva e cuidadosa”, acrescenta.
Deste lado do Atlântico, as bolsas europeias encerraram sem grandes oscilações, sendo que a maioria terminou com saldo levemente negativo.
Os investidores aguardavam com grande expetativa pelas decisões pela política monetária da Fed, que chegaram a partir das 19h de Lisboa e que devem refletir-se hoje nos mercados do velho continente.
O setor tecnológico foi o mais animado, apesar de rumores revelados pelo Financial Times de que o regulador chinês terá ordenado às maiores empresas de tecnologia do país que parassem de comprar todos os chips de inteligência artificial da Nvidia e que encerrassem os seus pedidos existentes.
O PSI começou o dia com perdas, em contraciclo com a Europa, e acabou por terminar as terceiras negociações da semana com uma queda de 0,10% para os 7.729,87 pontos.
A liderar as perdas estiveram a Galp Energia (-2,13% para 15,86 euros), a NOS (-1,16% para 3,85 euros) e a REN (-0,85% para 2,93 euros).
Por outro lado, pela positiva destacaram-se aMota-Engil (+1,47% para 5,17 euros), a EDP (+0,87% para 9,90 euros) e a EDP Renováveis (+0,60% para 3,86 euros).
As bolsas europeias fecharam sem rumo definido no dia em que se esperava pela decisão de política monetária do banco central dos Estados Unidos.
O Stoxx 600, caiu de forma moderada, 0,03% para 550,63 pontos e o EuroStoxx 50 perdeu 0,05% para 5.369,7 pontos.
O DAX subiu 0,13% para 23.359,2 pontos. Londres acompanhou a tendência, com o FTSE 100 a avançar 0,14% para 9.208,4 pontos e Amesterdão a valorizar 0,36%.
Em contraciclo, o CAC-40, em Paris, perdeu 0,4% para 7.786,98 pontos, o IBEX de Madrid desceu 0,24% para 15.127,2 pontos e o FTSE MIB de Milão liderou as perdas, ao cair 1,29% para 41.954,98 pontos.
A cotação do barril de Brent para entrega em novembro terminou no mercado de futuros de Londres em baixa de 0,76%, para os 67,95 dólares.
Destaque ainda para a estimativa do Deutsche Bank que espera que o ouro atinja uma média de 4.000 dólares por onça em 2026, com os cortes da Fed.
O euro desceu ligeiramente, face ao dólar, num dia em que se espera uma decisão da Reserva Federal americana (Fed) sobre os juros.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com