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Costa criticado à esquerda e à direita por declarações sobre a Galp

Os vários partidos políticos deixaram críticas sobre o ataque de António Costa à Galp pelo encerramento da refinaria de Matosinhos. Se à esquerda foi criticado pelas declarações que consideram ser tardias, à direita apontaram que em maio teve declarações contraditórias.
22 Setembro 2021, 10h00

As declarações de António Costa em relação aos despedimentos e ao encerramento da refinaria de Matosinhos foram motivo para unir as críticas vindas da esquerda e da direita: Cinismo, hipocrisia, radicalismo e lágrimas de crocodilo, foram algumas das expressões usadas pelos dirigentes dos partidos políticos.

Para o líder do PSD, o que aconteceu foi claro: “o secretário-geral do PS desmentiu formalmente o primeiro-ministro António Costa”. Rui Rio lamentou que “para ele vale tudo para ganhar eleições”, acrescentando ainda não saber que “lição exemplar que o secretário-geral do PS António Costa quer dar à Galp que o primeiro-ministro António Costa, em maio, não deu”.

Para Rio, “o PS tem consciência de que as eleições autárquicas lhe podem correr mal, quando um homem experiente como o dr. António Costa mente desta forma tão descarada no mesmo sítio no mesmo espaço de quatro meses”.

Já para a líder do Bloco de Esquerda, a melhor palavra que usou para criticar as declarações foi “cinismo”.

“O que é que pensará um trabalhador da refinaria da Galp quando ouve a mesma pessoa que impediu qualquer mudança que protegesse o seu emprego, uma vez despedido, a dizer que aquilo não podia ter acontecido?”, questionou Catarina Martins, relembrando que quando questionou “António Costa no Parlamento ele disse que não ia fazer nada, que ia ficar a assistir. Não pode agora estar chocado com aquilo que quis”.

Jerónimo de Sousa também não se deixou comover por o que diz serem “lágrimas de crocodilo” de António Costa ao falar de direitos dos trabalhadores, seja os das estufas da Costa Vicentina ou os despedidos pela Galp na sequência do encerramento da refinaria de Matosinhos.

“Bem pode o primeiro-ministro vir carpir mágoas sobre os trabalhadores, como ainda ontem se viu, ao acusar a Galp de falta de consciência social a propósito dos despedimentos. Como se o capital monopolista, como se as grandes empresas, tivessem coração em vez de um cifrão”, sustentou o dirigente comunista, durante um contacto com a população de Odemira, no distrito de Beja.

No entanto, advogou, as declarações de António Costa “não passam de lágrimas de crocodilo”, uma vez que o “despedimento coletivo da Galp, bem como de outros grupos monopolistas, sem qualquer justificação económica, encontram na passividade e cooperação do Governo o estímulo para” que aconteçam.

Mais à direita, o líder do CDS-PP aconselhou António Costa a não ser um “papão dos empresários”, criticando a postura que assumiu sobre a Galp, quando deu o encerramento da refinaria de Matosinhos como exemplo de aposta nos desafios ambientais.

“O senhor primeiro-ministro referia-se, em maio, ao encerramento da refinaria de Matosinhos como um grande exemplo da aposta nos desafios ambientais e hoje [esta segunda-feira] vem, qual papão dos empresários, dizer que é preciso dar uma lição exemplar à Galp”, disse Francisco Rodrigues dos Santos.

O líder centrista sublinhou que o chefe do executivo socialista deve “preocupar-se mais” com as empresas totalmente geridas pelo Estado, como a TAP, cuja gestão diz ser “absolutamente ruinosa”, em vez de dar conselhos aos empresários.

“Já se percebeu que de economia este primeiro-ministro e este Governo percebem muito pouco”, declarou.

Entre a liderança do Partidos dos Animais e da Natueza (PAN), as declarações de Costa “pecam por tardias”. Inês Sousa Real afirmou que ficou por esclarecer o que é que o Governo pretende para o futuro da Galp, relembrando que “o secretário-geral do PS pode estar em campanha, mas o primeiro-ministro continua em funções”.

A Iniciativa Liberal juntou-se às criticas, acusando António Costa de “radicalismo” nas declarações e sublinhando que um responsável político “não pode ameaçar uma empresa”, seja ela pública ou privada.

Em declarações à Lusa em Braga, à margem de uma reunião com responsáveis da Associação Empresarial do Minho, integrada na campanha eleitoral para as Autárquicas, Cotrim Figueiredo classificou ainda de “grave” a posição de Costa, sublinhando que não é desta forma que se atrai investimento para o país.

“Uma grande hipocrisia”. Foram as palavras usadas pelo dirigente do Chega que relembrou durante um comício, esta segunda-feira, que os trabalhadores e dirigentes da Galp “tentaram, sem sucesso, reunir várias vezes com António Costa e com o Partido Socialista”, não compreendendo, por isso, o porquê de o primeiro-ministro vir agora dizer que o comportamento da Galp foi “indigno e miserável e que quer uma lição”.

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