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Costa “deu uma prenda aos pobrezinhos”. Paulo Pedroso critica atribuição de 240 euros a famílias mais pobres

O ex-militante socialista e antigo ministro do Trabalho e da Solidariedade criticou duramente a medida anunciada por António Costa relativa à atribuição de 240 euros a famílias mais necessitadas. Paulo Pedroso comparou-a com uma medida do então primeiro-ministro Cavaco Silva e apelidou aquilo que designa de “esmola orçamental” de ser “típica do populismo”.
20 Dezembro 2022, 11h13

Paulo Pedroso, ex-militante do PS e antigo ministro do Trabalho e da Solidariedade, criticou duramente a decisão anunciada por António Costa no sentido de atribuir 240 euros às famílias mais necessitadas e alertou para o facto das políticas sociais encontrarem-se desadequadas da realidade.

No programa “O Outro Lado”, da RTP3, este antigo ministro começou por definir a medida como “má política social”: “Pode-se embrulhar como quisermos mas isto é má política social e tem estado a ser discutida como se fosse irmã da medida anterior que não é. A medida anterior tem uma lógica de ‘helicopter money’, isto é, independentemente de ter sido bem ou mal aplicada, há uma lógica que determina que há uma necessidade súbita (no caso era o aumento dos combustíveis) e que era preciso combater o choque súbito e estimular a procura por essa via”.

Este antigo governante, que liderou o Ministério do Trabalho e da Solidariedade em 2001 e 2002, realçou que há uma questão de fundo em Portugal: “as nossas políticas sociais estão desadequadas e já estavam mesmo sem estes níveis de inflação que se registam”.

No entender do agora comentador da RTP3, “o Governo tem uma preocupação que não é de política social mas sim de política orçamental, de não mostrar um défice maior do que a opinião pública aceitaria e faz assim uma esmola orçamental”.

Paulo Pedroso vai mais longe ao sublinhar que “esta é uma medida típica do populismo em que o soberano dá uma esmola orçamental não se comprometendo com nada porque os preços não vão descer. Faz lembrar o 14º mês das pensões de Cavaco Silva em período eleitoral. É caso para dizer: o senhor primeiro-ministro deu uma prenda aos pobrezinhos”, concluiu.

O apoio extraordinário de 240 euros para famílias mais vulneráveis foi aprovado na passada quinta-feira em Conselho de Ministros, confirmou ao início da tarde Mariana Vieira da Silva, num dia em que foi igualmente aprovado o aumento do Salário Mínimo Nacional para 760 euros.

O decreto-lei “estabelece um apoio extraordinário para a mitigação dos efeitos do aumento extraordinário de preços dos bens alimentares de primeira necessidade decorrente do conflito armando na Ucrânia e da inflação que lhe seguiu”, explicou a ministra de Estado e da Presidência.

A medida terá um custo global de 249 milhões de euros.

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