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Costa não deixa saudades ao sector imobiliário: “Tomou medidas gravosas e o mercado sofreu horrores”

Especialistas do sector ouvidos pelo JE olham para a saída do primeiro-ministro como um sinal de esperança. “Pode ser que um novo Governo entenda melhor as necessidades do mercado e venha a tomar medidas que estejam mais de acordo com aquilo que o mercado precisa”, refere diretor geral da CBRE.
Mário Cruz/Lusa
8 Novembro 2023, 07h30

António Costa não vai deixar saudades ao sector imobiliário. O primeiro-ministro apresentou a sua demissão no dia de ontem na sequência da investigação do Ministério Público a São Bento e aos Ministérios do Ambiente e das Infraestruturas, que têm como base negócios de hidrogénio e lítio em Portugal.

Responsáveis do mercado imobiliário ouvidos pelo Jornal Económico (JE), acreditam que a saída do agora ex-primeiro-ministro pode ser um sinal de esperança, mas que ao mesmo tempo vai exigir um grande esforço para recuperar a imagem de Portugal aos olhos do mundo.

“Podemos dizer que este Governo não deixa saudades. Este primeiro-ministro desde o momento em que tomou posse, tomou medidas muito gravosas para o mercado da habitação. As sucessivas alterações que fez à lei do arrendamento, as medidas que tomou sistematicamente contra os proprietários trouxeram de facto um descrédito para o mercado gigantesco e que contribuíram para agravar a crise habitacional”, afirma Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários.

Como tal, e face a todas estas críticas, o líder da ALP espera que um novo Governo possa reverter estas medidas, para satisfazer os proprietários. “A única medida boa que este Governo tomou no sector da habitação foi as medidas que não tomou, nomeadamente quando não fez o travão às rendas”, salienta.

A saída de António Costa é vista por Luís Menezes Leitão como um misto de tristeza e esperança. “Recebemos esta notícia com alguma esperança, embora a situação política nos deixe tristes. Um primeiro-ministro demitir-se num quadro que do ponto de vista internacional é descrito como uma situação de explosão de corrupção no nosso país, como descreve o ‘Financial Times’, é algo que assustará as pessoas”, sublinha, acrescentando que quem vier a seguir terá de fazer um grande esforço para recuperar a imagem do país que “cai completamente nas ruas da amargura com este caso”.

Por sua vez, Francisco Horta e Costa, diretor geral da consultora CBRE realça que o mercado imobiliário vinha “sendo incomodado” por várias medidas deste Governo.

“Pode ser que um novo Governo entenda melhor as necessidades do mercado e venha a tomar medidas que estejam mais de acordo com aquilo que o mercado precisa. O aumento da oferta na habitação, rendas acessíveis, mas de forma a que o mercado se consiga ajustar de uma forma mais rápida e menos burocrática”, afirma o diretor geral.

Já Pedro Vicente, CEO da promotora imobiliária Overseas, não poupa nas críticas ao Executivo até aqui liderado por António Costa. O sector imobiliário tem sido uma vítima e sofrido horrores com este Governo. Começou com os golden visa, porque mais do que aquilo que significavam em termos de negócio, significaram uma quebra de confiança no mercado imobiliário e no país em si, na sua ordem jurídica e depois todo o pacote ‘Mais Habitação’.

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