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Costa Silva: “Beja pode ser a capital ibérica contra a desertificação”

O consultor do governo para a visão estratégia para a próxima década está, desde esta manhã, a responder às questões dos deputados da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
  • Cristina Bernardo
16 Setembro 2020, 17h15

António Costa Silva esteve na manhã desta quarta-feira na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação da Assembleia da República para defender e explicar a sua visão estratégica para a próxima década do país. A discussão foi dominada pela reforma da administração pública e do modelo de crescimento económico em vigor, bem como pela questão ambiental.

O consultor do governo salientou a necessidade de Portugal de reformar a sua administração pública, à qual aponta a “maior orientação para pareceres do que para decisões”, sublinhando a necessidade de atrair jovens qualificados para os quadros da administração do Estado.

“Nas empresas temos planeamento, nas famílias também, porque é que o Estado não haverá de ter?”, questiona Costa Silva, que realça que o modelo de desenvolvimento terá de se basear em qualificação tecnológica, em vez dos baixos salários.

Ainda assim, à esquerda houve estranheza pela falta de menções à política e legislação laboral, isto num país que, segundo a deputada bloquista Isabel Pires, assenta num modelo de “massificação da precariedade no emprego”. À direita, Filipa Roseta representou o PSD e questionou sobre a incapacidade de execução do governo, além de ter exortado uma desburocratização que, defende, é necessária para o país.

Ambiente terá de assumir papel de destaque

Os fundos europeus de revitalização, que deverão atribuir a Portugal um montante recorde vindo de Bruxelas nos próximos dez anos, também foram um dos tópicos mais frequentemente abordados, especialmente dados os objetivos da Comissão Europeia de neutralidade carbónica.

António Costa Silva esclareceu que não recomenda explorações de lítios em áreas classificadas do país nem das reservas de cobalto, níquel e manganésio dos mares dos Açores, defendendo a proteção dos ecossistemas em causa.  Estes poderão até representar novas oportunidades no turismo, um setor que, apesar de representar uma dependência excessiva para a produção nacional, “tem de ser protegido” e diversificado, apostando em áreas como o turismo de saúde, oceânico ou científico.

Também a coesão territorial terá de andar de mãos dadas com a proteção ambiental e a sustentabilidade. Costa Silva reconheceu a pertinência da questão de André Silva, do PAN, sobre a gestão dos recursos hídricos e da agricultura intensiva, sublinhando a necessidade de “renegociar os acordos hídricos com Espanha”, bem como da utilidade de um estudo sobre a capacidade de carga turística do país.

Outra das medidas defendidas pelo professor e consultor prende-se com a criação de geoeconomias favoráveis à inovação ao longo da fronteira com Espanha, em regiões progressivamente isoladas e envelhecidas. “Beja pode ser a capital ibérica contra a desertificação”, exemplificou o professor, que imagina para a cidade polos semelhantes aos desenvolvido no Fundão.

Ainda assim, houve críticas à falta de investimento na mobilidade, um dos fatores chave da coesão territorial. Filipa Roseta realçou que “o valor para a mobilidade urbana e transportes é menor do que para o hidrogénio”, além de que, dos 3 mil milhões atribuídos à mobilidade, “mais de metade são para Lisboa e Porto”.

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