Questionado pela Lusa sobre se se pode falar de uma rutura no setor, o presidente da ARP, José Luís Carreira, disse que “é demasiado cedo, mas não é descabido”, e que “é uma questão de poucos dias”, eventualmente 30, “para algumas empresas começarem a ficar em rutura”.
“A partir do momento em que as empresas têm todos os tostões contados até este mês, a partir do mês que vem inevitavelmente já não têm nada”, admitiu o responsável do setor, acrescentando que com os cancelamentos diários de serviços, as empresas “começam a ficar literalmente paradas”.
O cenário de rutura nas empresas “é não ter dinheiro para pagar salários, não ter dinheiro para pagar ‘leasings’, e entrarem em incumprimento”, disse José Luís Carreira à Lusa.
Referindo que “todas as empresas normalmente têm reservas financeiras para fazer face a contingências de um mês ou três meses”, o surto do novo coronavírus, somado à “pequena contingência” típica do período de inverno, veio agudizar as dificuldades.
“O período da Páscoa normalmente é um período de alavancagem para o setor deo transporte de passageiros no âmbito turístico”, sobretudo devido a viagens de finalistas e circuitos turísticos, mas “este retorno financeiro não vai existir, e se não vai existir as empresas não têm dinheiro para pagar os seus encargos imediatos”, alerta o presidente da ARP.
Relativamente a apoios do Governo, o presidente da ARP pediu uma reunião de urgência com a Secretaria de Estado do Turismo, para que os operadores sejam “ouvidos” e também para “ouvir, da parte do executivo, medidas que possam minimizar” as preocupações do setor.
“Sentimos de alguma forma que estamos a ser negligenciados, porque não estamos a ser tidos em conta”, disse, acrescentando mais tarde que não está a ser dada a “relevância” merecida ao setor.
A reunião foi também pedida porque a ARP considera que algumas das medidas de apoio ao turismo que são de conhecimento público “não são claras”, manifestando também o receio de que “as medidas apresentadas pelo Governo se traduzam em morosidade”.
“Neste momento, as empresas já sentem essa dificuldade, e, portanto, se houver aqui alguma burocracia adicional e alguns requisitos, de alguma forma, restritivos, poderá causar um impacto negativo imediato nas empresas”, sustentou José Luís Carreira.
O presidente da ARP considerou “capital” que as verbas de apoio cheguem rapidamente às empresas, e disse que “urge tomar medidas rápidas, dentro de dias, de semanas”.
O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, reuniu na terça-feira com a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e com empresas do setor, e no final da reunião afirmou aos jornalistas que o montante total das medidas para fazer face ao Covid-19 supera os dois mil milhões de euros, incluindo uma linha de crédito de 200 milhões de euros dirigida à tesouraria das empresas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a doença Covid-19 como pandemia.
A OMS justifica a declaração de pandemia com “níveis alarmantes de propagação e inação”.
A pandemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 casos confirmados.
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