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Covid-19: Maior peso da China aumenta complexidade

Vírus pode custar, apenas pelo impacto na economia chinesa, 1% ou mais do crescimento do PIB mundial.
15 Março 2020, 16h00

O impacto a nível global apenas pelo impacto direto na economia chinesa do Covid-19 poderá chegar a cerca de 1% ou mais do PIB mundial, superior ao que foi sentido devido à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAS). A estimativa é de Pedro Brinca, economista e professor da Nova SBE, que sublinha que nem a China é hoje o que era em 2003, marco da pandemia do SRAS, nem o Covid-19 tem as mesmas características.

“Para prever o impacto de uma pandemia, tipicamente olhamos para outras pandemias passadas para ter uma ideia do impacto do que pode suceder. Em 2002/2003, a pandemia do SARS também originou na mesma região do globo e custou entre 0,5 e 1% de crescimento no PIB da China. O impacto em termos dos mercados internacionais foi relativamente negligenciável”, explica ao Jornal Económico.

Pedro Brinca sustenta que a principal diferença reside no peso que o gigante asiático assumiu no Mundo. “A China desde 2003 quadruplicou o PIB. É hoje o maior exportador mundial e segundo maior importador. Para se ter ideia do peso que tem na atividade económica a nível mundial, em 2019 foi responsável por 39% do crescimento económico global. Isto mostra que o grau de exposição da comunidade internacional é hoje muitíssimo superior e o mesmo choque que aconteceu em 2003, se fosse hoje, teria repercussões muito mais profundas”, justifica.

O grau de integração das cadeias de valor é atualmente mais complexo. “Com o pico das medidas de contenção na China a observarem-se a meio de fevereiro, é de esperar que a repercussão maior ainda venha a ser sentida nas próximas duas semanas. Isto porque por uma questão de competitividade e controlo de custos, a maior parte das empresas têm hoje stocks para períodos relativamente curtos – entre três a quatro semanas”.

PedroBrinca realça que o facto de o Covid-19 poder ser transmitido quase a partir do momento em que é adquirido; de ter um longo período de incubação; e de ser quase assintomático nas faixas etárias mais jovens, “tornando-os agentes transmissores silenciosos da doença”, faz com que, apesar de a taxa de letalidade ser inferior à da SARS (cerca de 3,4% contra 10%), os impactos económicos sejam muito superiores.

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