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Crescimento chinês e forte implantação no mercado fazem Macau resistir à concorrência

O analista da Moody’s que segue a economia de Macau disse esta quinta-feira que o aumento do rendimento na China e a forte implantação de Macau no mercado do turismo vão sustentar a concorrência de outros países asiáticos.
23 Maio 2019, 07h54

“O principal ponto para nós é o aumento do rendimento dos chineses e a proximidade com a China continental, que vão sustentar a procura, e Macau está bem estabelecido, mesmo apesar da crescente concorrência de outras partes da Ásia”, disse Matthew Circosta.

Em entrevista telefónica à Lusa, um dia depois da agência de notação financeira ter apresentado o relatório que mantém o ‘rating’ de Macau, e com Perspetiva de Evolução Estável, Circosta explicou que a região “tem uma significativa capacidade de servir a crescente procura da China e tem, na prática, o monopólio do jogo, por isso a proximidade com a China e a subida dos rendimentos no país vão sustentar o crescimento económico, mesmo apesar da concorrência”.

Na quarta-feira, a Moody’s afirmou o ‘rating’ de Macau em Aa3, referindo-se à análise que faz “à credibilidade de crédito do Governo”, mas como “Macau não tem dívida para avaliar [já que não é um país], só existe um ‘rating’ de emissor (Aa3), que é separado da avaliação sobre a emissão de títulos em moeda estrangeira e dos tetos dos depósitos bancários, ambos em Aa2”, explicou Circosta à Lusa.

Assim, no sentido tradicional dos ‘ratings’ (capacidade de pagar a dívida soberana emitida por um país), Macau tem o nível de Aa2, mas como não emite dívida pública, já que não é um país, a Moody’s aponta para um ‘rating’ geral de Aa3, que mede a credibilidade financeira geral do Governo de Macau.

Questionado sobre a razão de Macau não ter um ‘rating’ ainda mais elevado, dada a ausência de dívida, as significativas reservas orçamentais, suficientes para sustentar sete anos de despesa pública, e o forte crescimento económico de 4,5% neste e no próximo ano, Matthew Circosta respondeu que a nota resulta da grelha de avaliação que a Moody’s usa para todos os países: “Olhando para os riscos todos, acabámos por decidir manter Macau em Aa3”.

Os principal risco para a economia de Macau, explicou Circosta, está relacionado com a dependência das decisões de política económica tomadas em Pequim, que podem minar a capacidade de resistir a choques externos.

“O grande desafio é que Macau é e vai continuar a ser suscetível às decisões da política chinesa, o que coloca riscos não só ao setor do jogo e do turismo, mas pode também afetar a diversificação estratégica e impedir a capacidade de absorção de choques”, disse o analista, vincando que a Moody’s vê as crescentes almofadas financeiras como um aspeto positivo para o território.

Sobre o que poderá fazer o ‘rating’ melhorar ainda mais, o analista explicou que, apesar de a Moody’s não dar, por princípio, conselhos de política económica aos governos cuja credibilidade de crédito analisa, o tema da diversificação é essencial.

“Em termos dos gatilhos que podem desencadear uma subida do ‘rating’, consideraríamos alterar o ‘rating’ se o Governo acelerar na implementação da diversificação e garantir um crescimento económico mais forte, o que pode ir de fazer progressos materiais até iniciativas que apoiam o turismo, para além do setor do jogo, e potenciar a resiliência aos choques”, concluiu o analista na entrevista à Lusa.

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