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Salários abrandam com crescimento médio de 2,2% em 2025, diz Mercer Portugal

Estudo Total Compensation de 2025 revela que, no global das 642 empresas participantes, os salários cresceram em média 2,2% este ano. Estudo, referência sobre tendências do mercado, traz também uma projeção de aumentos salariais de 3,5% para 2026.
17 Setembro 2025, 12h12

O crescimento dos salários parece ter desacelerado um pouco em 2025, com uma variação efetiva de 2,2% face a 2024, revela o estudo Total Compensation 2025 da Mercer Portugal, considerado uma referência sobre tendências de compensação e benefícios do mercado português. Em 2024, esta variação tinha sido de 6,1%.

“Os 2,2% são o crescimento médio que calculamos comparando o valor pago para uma função em 2025 vs. o pago em 2024”, esclarece Marta Dias, rewards leader da Mercer Portugal, ao Jornal Económico.

O estudo inclui 642 empresas, representando cerca de 180 mil colaboradores de diferentes setores de atividade dos Serviços, às Indústrias de Produção, Grande Distribuição e Retalho, Bens de Consumo, Tecnologias de Informação e Life Sciences, que correspondem no total a 63% da amostra.

De acordo com o estudo, os aumentos salariais previstos pelas empresas situam-se em 3,5% para 2025, com uma estimativa similar para 2026. O número refere-se à média que as empresas participantes indicam como sendo o seu plano para o ano em curso.

Marta Dias explica ao JE que, numa primeira fase, as empresas partilham com a Mercer o que têm previsto em termos de aumentos salariais e dai resultam estes 3,5%, em termos médios. Numa segunda componente, a Mercer, no contexto do estudo com posse da informação das empresas, calcula qual é a variação dos valores pagos. No caso de 2024 para 2025 são os já referidos 2,2%.

O que influencia esta variação é não só os incrementos salariais que as empresas fazem todos os anos, mas também toda a dinâmica do mercado, nomeadamente a maior ou menor oferta das áreas de atividade e a maior ou menor disponibilidade de perfis, etc.

“O regresso a valores de inflação mais baixos depois de um período com valores atípicos, influenciou as decisões das organizações sobre incrementos salariais”, diz Marta Dias, rewards leader da Mercer Portugal. “O que observamos no mercado geral em Portugal através do Estudo Total Compensation 2025, é que as perspetivas de incrementos para 2025 eram, no ano passado, de 4,0% e, atualmente, situam-se em 3,5% em média”, explica.

De acordo com o estudo, a maioria das organizações (91%) realiza uma revisão salarial anual, sendo os meses mais comuns janeiro, março e abril.

Segundo o estudo, a percentagem de incremento salarial atribuída aos colaboradores é determinada por vários fatores. O desempenho individual do colaborador é o mais importante (cerca de 96%), seguido pelo posicionamento na grelha salarial (cerca de 74%) e a inflação (cerca de 62%).

Já no que respeita à retribuição variável (bónus), o Total Compensation 2025 verifica que 91% das empresas da amostra atribuem este tipo de remuneração a toda ou a parte da sua estrutura. Mais de metade das participantes (63%) concedem incentivos relacionados com vendas, atribuídos maioritariamente com periodicidade anual ou trimestral.

A atribuição de incentivos de longo prazo não é ainda uma prática maioritária, sendo adotada por cerca de 30% das empresas. A elegibilidade para estes incentivos aumenta com o nível de responsabilidade das funções.

Outro dos temas identificados no Total Compensation 2025 é a retenção de colaboradores, considerado um dos principais desafios que as empresas enfrentam este ano. Quase metade das organizações (45%) admitem ter dificuldades neste campo, com a percentagem de turnover voluntário a fixar-se, em média, nos 8,2%, com um ligeiro decréscimo face ao ano anterior (8,6%). 

O estudo, que contou com a participação de empresas internacionais (64%) e nacionais (36%), revela também que cerca de 30% das organizações pretendem reforçar o número de colaboradores em 2025, aumentando em média a força de trabalho em 11%. Para 2026, estas intenções descem para 22%.

No contexto da compensação e benefícios, o grande desafio para as organizações no próximo ano é a entrada em vigor da nova legislação sobre equidade e transparência salarial.  

“As organizações estão muito expectantes sobre o que a Diretiva sobre a Transparência Salarial poderá trazer como novos requisitos à gestão da compensação. Neste contexto, o acesso a dados de mercados robustos é, por um lado, um facilitador da tomada de decisão e definição de políticas e práticas salariais, e por outro, um suporte na justificação de algumas possíveis diferenças”, explica a propósito Marta Dias.

Benefícios extrassalariais.
Os benefícios mais frequentemente atribuídos pelas empresas são o plano médico, o subsídio de refeição e o automóvel. A oferta de dias adicionais de férias é uma prática cada vez mais frequente.

De acordo com o estudo, os benefícios extrassalariais continuam a ser uma aposta sólida das organizações. O plano médico mantém-se como um dos principais benefícios disponibilizados, sendo assegurado por 92% das empresas, com cerca de 83% a atribuí-lo imediatamente após a entrada dos colaboradores. Entre as organizações que oferecem este benefício, existem diferentes níveis de comparticipação do custo pelo colaborador. Na maioria das empresas, o custo é totalmente suportado pela organização (86%).

O subsídio de refeição (92%) e a política automóvel (90%) continuam a apresentar elevada prevalência. Contudo, a atribuição de automóvel de serviço é, geralmente, reservada a colaboradores em níveis hierárquicos superiores.

Nota particular para o benefício de oferta de dias adicionais de férias, além do previsto por lei, que se tem vindo a afirmar como uma prática cada vez mais frequente entre as empresas. Cerca de dois terços (64%) já a implementou.

No grupo de outros benefícios destacam-se a comparticipação de despesas de educação (57%), o seguro de acidentes pessoais (44%) e o complemento do subsídio de doença (40%). Por fim, cerca de 36% das organizações oferecem um plano de pensões aos colaboradores.

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