A economia cabo-verdiana recuperou totalmente da queda provocada pela pandemia de Covid-19 em 2020, que até foi revista em alta pelo INE, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescido 17,7% no ano passado, impulsionado pelo turismo.
De acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE) compilados hoje pela Lusa, o desempenho da economia cabo-verdiana em 2022, somado ao crescimento de 6,8% do PIB em 2021, permitiu anular a recessão de 19,3% em 2020. Esta recessão foi ainda revista em alta no documento do INE, face aos 14,8% anunciados anteriormente.
Em média, entre 2019 e 2022, a economia cabo-verdiana cresceu 3,2%, apesar da recessão histórica de 2020, segundo os dados ainda provisórios do INE.
Em 2022, o sector do alojamento e da restauração disparou quase 265% face ao ano anterior, que foi então de queda, -21,4%, tal como 2020, neste caso de -61%. Em 2019, antes dos efeitos da pandemia de covid-19 no turismo, o setor tinha crescido 6,5% face a 2018, de acordo com o histórico do INE.
O turismo garante cerca de 25% do PIB e do emprego em Cabo Verde.
O investimento caiu 31,8% em 2022, enquanto o consumo privado cresceu 28,3% e o consumo feito pelo Estado caiu 7%, face a 2021.
Os dados do INE superam ainda a última previsão de crescimento feita pelo Governo cabo-verdiano – que ao longo de 2022 chegou a rever em baixa, para 4%, devido aos efeitos da guerra na Ucrânia -, que no final de janeiro apontava para até 15%, apesar da crise inflacionista dos últimos meses.
“Em contexto difícil de crises, a economia crescerá em 2022 entre 12 e 15%. A previsão da inflação para este ano de 2023, em 3,7%, é consistente com as previsões de desagravamento da inflação a nível mundial, embora continuem elevados comparativamente aos períodos antes da guerra na Ucrânia”, afirmou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em 27 de janeiro, no parlamento.
O chefe do Governo recordou que Cabo Verde passou de uma inflação de 1,9% em 2021 para 7,9% em 2022, condicionada pelo aumento dos preços em Portugal e na zona euro, as principais relações económicas do arquipélago.
“Implementámos medidas financeiras, fiscais e de regulação para mitigar os efeitos da inflação importada que atingiu fortemente os preços dos combustíveis e da eletricidade e de produtos de primeira necessidade, os cereais. A inflação provocou, em Cabo Verde, um agravamento dos custos dos produtos energéticos em 2,1 milhões de contos [2.100 milhões de escudos, 19 milhões de euros]. Um enorme choque externo, agravado pela desvalorização do euro face ao dólar ocorrida em 2022”, disse ainda.
“Devido às medidas tomadas pelo Governo, apenas 20% desse choque foi transmitido aos consumidores. O Estado absorveu, direta e indiretamente, 80% do choque”, sublinhou o primeiro-ministro, perante os deputados.
Acrescentou que caso as medidas não fossem implementadas pelo Governo, os preços do gás butano, da gasolina, do gasóleo e da eletricidade “teriam tido aumentos muito superiores aos registados”, como no gás butano, cujo preço não subiu além do que estava em vigor em fevereiro de 2022, antes do início da guerra.
“Sem as medidas, o valor da tarifa de eletricidade no segundo escalão, que abrange a maioria dos consumidores domésticos, seria 67% acima do valor antes da guerra. Aumentou 15%. Sem as medidas, a tarifa social de eletricidade teria um aumento de 157%. Não aumentou”, insistiu na altura o chefe do Governo.
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