A consultora KPMG está no centro das atenções depois de não ter detetado qualquer tipo de problemas financeiros na auditoria realizada ao Silicon Valley Bank e Signature Bank, segundo informa o “Financial News” esta segunda-feira, 13 de março.
No passado dia 24 de fevereiro, a consultora assinou a conclusão da auditoria ao Silicon Valley Bank, que viria a colapsar 14 dias depois, enquanto no caso do Signature Bank o relatório foi assinado no dia 2 de março, ou seja onze dias antes da instituição financeira ter caído. As duas auditorias tiveram início em 2022.
“O senso comum diz que um auditor que emite um relatório limpo, ao 16º maior banco dos Estados Unidos, que colapsa duas semanas depois sem qualquer aviso, é um problema para o auditor”, refere Lynn Turner, antigo responsável da Securities and Exchange Commission.
Um porta-voz da KPMG recusou fazer comentários ao jornal sobre as auditorias específicas, devido à confidencialidade do cliente, mas em comunicado, a empresa defendeu que não é responsável por aquilo que acontece após a conclusão de uma auditoria.
Os depósitos do Silicon Valley Bank atingiram o pico no final do primeiro trimestre de 2022, tendo caído 13%, durante os últimos nove meses do ano. Ou seja, os depósitos estiveram em queda durante o período da auditoria da KPMG.
Se a diminuição dos depósitos estava a afetar a liquidez do banco quando a KPMG assinou o relatório da auditoria, essa informação provavelmente deveria ter sido incluída. Como tal, a questão que fica no ar é se a KPMG sabia ou deveria saber o que estava a acontecer?
Os auditores devem alertar os investidores se as empresas estiverem com problemas. Eles são obrigados a avaliar “se há dúvida substancial sobre a capacidade da entidade de continuar em funções” nos próximos doze meses após a emissão das demonstrações financeiras.
Mesmo que o banco não estivesse a passar por dificuldades no ano passado, a KPMG era obrigada a avaliar os desenvolvimentos ocorridos após a data do balanço para que as finanças da empresa fossem apresentadas de forma justa.
“Agora, a auditoria da KPMG provavelmente será examinada pelo Conselho de Supervisão de Contabilidade de Empresas Abertas, bem como de investidores privados que perderam dinheiro quando o Silicon Valley Bank caiu”, afirma Erik Gordon, professor da Ross School of Business da Universidade de Michigan.
Uma ação judicial de um acionista contra a empresa em relação à auditoria do SVB “não será fácil de vencer, mesmo que o momento seja espetacularmente embaraçoso para a KPMG”, realçou Erik Gordon, citado pela mesma publicação.
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