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Crowdfunding vem substituir financiamento da banca?

Os investidores procuram formas alternativas ao financiamento tradicional e o conceito de crowdfunding começa a ganhar adeptos em Portugal.
  • Konstantin Chernichkin/Reuters
11 Setembro 2017, 07h05

Apesar de ser ainda um conceito recente no imobiliário, o crowdfunding está a conquistar cada vez mais adeptos, ou pelo menos são muitos os interessados nesta forma de investir.

Com as restrições da banca ao financiamento de projetos imobiliários, os investidores procuram formas alternativas ao financiamento tradicional. Hugo Santos Ferreira, secretário-geral da APPII – Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, aconselha às primeiras empresas de crowdfunding imobiliário em Portugal, e pensando em quem investe, para procurarem conceder sempre rentabilidades, pelo menos, superiores (bastante superiores) àquelas que a banca oferece com as várias aplicações que tem ao dispor dos investidores. “Sendo o imobiliário, por natureza, um mercado menos volátil e mais seguro que os mercados financeiros, principalmente tendo em conta o grande descrédito que sobre eles hoje ainda paira – a crise que arrasou os mercados financeiros por todo o mundo e que ainda está muito presente na memória de todos nós –, o crowdfunding no setor imobiliário pode, de facto, representar uma boa alternativa para quem investe e deseja rentabilizar o seu capital de forma mais segura e com menos imprevistos”, explica.

Mas afinal o que é o crowdfunding? Para quem ainda está a familiarizar-se com este conceito, pode dizer-se, de uma forma simples, que consiste em juntar o capital de vários investidores para desenvolverem os projetos, sendo depois a rentabilidade distribuída por quem investiu. As formas de investimento e retorno podem ser variáveis. A diferença entre o crowdfunding e um fundo de investimento imobiliário é que, no primeiro caso, o investimento é sobre um produto específico. Um Fundo de Investimento Imobiliário é aquele que faz as suas aplicações fundamentalmente em bens imóveis. Os investidores muitas vezes não têm qualquer tipo de poder de decisão em relação aos imóveis que o fundo detém, e na maioria das vezes nem conhecem o património em questão. Investem apenas com o objetivo do retorno e estão mais dependentes das decisões de quem faz a Gestão do Fundo Imobiliário.

Consciente das potencialidades do crowdfunding no imobiliário, o JPS Group, que está a desenvolver um dos maiores projetos na região de Lisboa em matéria de construção nova, o SkyCity, é um dos primeiros a apostar neste conceito. João Sousa, CEO do grupo,  explica que apesar de ser já um sucesso em mercados maduros, nomeadamente nos EUA, em Portugal tem sido difícil a sua implementação. “Devido à legislação do setor, não é possível criar uma plataforma de ‘crowdfunding puro’. Tivemos então uma equipa interna JPS, da qual fizeram parte os nossos consultores, economistas, arquitetos e advogados, a  fazer um estudo exaustivo de todo o processo crowdfunding e respetiva legislação em vigor, assim como o de outras plataformas similares como é o caso da Crowdlending e da Crowdequity. Tivemos diversas reuniões a nível nacional e em Espanha, onde este conceito já está mais implementado”, explica. João Sousa adianta ainda que foi um trabalho muito rigoroso e que lhes permitiu ter uma visão muito alargada dos vários players do mercado e conhecer este tema a fundo.
“Nesta sequência, conseguimos criar uma plataforma de investimento imobiliário inovadora, que vai reunir o melhor destes três produtos de investimento. Acreditamos que a nossa plataforma JPSCAPITALCROWD  vai ter tudo para se tornar num produto financeiro imobiliário de enorme sucesso”, esclarece.

Crowdfunding deverá ser feito por profissionais
Hugo Santos Ferreira deixa algumas recomendações a quem pretende recorrer a esta forma de financiamento. “Primeiro há que dizer que o crowdfunding se deverá destinar/ser feito pelos verdadeiros profissionais do setor, que saberão depois destinar o ativo a um certo uso, com o consequente rendimento. Apenas estes terão o know-how e a experiência para iniciar e prosseguir um projeto imobiliário, do princípio ao fim. Não vemos portanto outra alternativa senão que estas plataformas tenham uma gestão profissional e de pessoas do setor com larga experiência no ramo, especialmente da promoção imobiliária”.

João Sousa, por sua vez, revela que tem existido muita curiosidade e procura por informação, e assegura que “o princípio da nossa plataforma de investimento é o de que ‘a união faz a força’, logo, com a quantidade de projetos imobiliários interessantes que ainda existem, sobretudo na banca, avaliados em milhões de euros, mas que se encontram parados por não se encontrarem investidores que pretendam ou consigam investir na totalidade da aquisição e desenvolvimento dos mesmos, acrescido à nossa experiência nessa área, atrevemos-nos a dizer que quando falamos em investimento, com a JPSCAPITALCROWD o céu deixou de ser o limite”.

O secretário-geral da APPII arealça também outro aspeto favorável do crowdfunding: os promotores imobiliários estão constantemente à procura de novas e diferentes formas de financiamento para viabilizar os seus projectos imobiliários, “pelo que caso esta nova forma venha a vingar, será certamente mais uma a considerar por estes players. Isto desde que seja efetivamente mais rentável que a banca e um financiamento seguro”.

Contudo, o CEO do JPS Group esclarece que, apesar deste conceito, a banca será sempre um parceiro no imobiliário, “porque os investidores investem no desenvolvimento de um projeto, mas depois é preciso que haja compradores para o sucesso da operação e aqui entra a banca com os seus produtos de crédito à habitação”.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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