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Cunhado do ministro Leitão Amaro ganhou 16 milhões em contratos públicos

A Gesticopter, propriedade do cunhado do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, terá garantido uma faturação de 16 milhões de euros só em contratos públicos, vínculos que estão sob investigação no âmbito da Operação “Torre de Controlo”.
30 Maio 2025, 08h04

Ricardo Machado, proprietário da empresa Gesticopter Operation Unipessoal e cunhado do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, terá ganho através da empresa cerca de 16 milhões de euros em contratos públicos relativos à contratação de meios aéreos para combate a incêndios, de acordo com informação avançada esta sexta-feira pelo “Correio da Manhã”.

A empresa que ganhou o concurso foi a Gesticopter Operations, Unipessoal, anteriormente detida pela Gestifly, SA, mas comprada em março deste ano, por uma sociedade sedeada em Madrid, Espanha, a Helifinance Asset Management, que, por sua vez, é detida pela Demeter Investment. Ambas têm sede na mesma morada: Calle Apolonio Morales, 13, Madrid.

No seguimento da mesma investigação, o JE avança esta sexta-feira que a Sodarca Defense que faz parte do grupo de João Bravo, dono da Helibravo, foi visada na mega operação de buscas da Polícia Judiciária (PJ) desta quinta-feira, 29 de maio, no âmbito da operação “Torre de Controlo” que investiga suspeitas de cartelização na contratação de meios aéreos para o combate aos incêndios rurais, que terá lesado o Estado em cerca de 100 milhões de euros.

A Operação “Torre de Controlo”, cujas buscas decorreram esta quinta-feira, investiga suspeitas de  abuso de poder, associação criminosa, burla qualificada, corrupção ativa e passiva, fraude fiscal qualificada e tráfico de influência.

Foram constituídos doze arguidos, sete pessoas singulares e cinco pessoas coletivas no âmbito desta investigação que levou também a buscas no Gabinete Coordenador de Missão no Âmbito dos Incêndios Rurais, localizado no Estado-Maior da Força Aérea, que confirmou buscas nas suas instalações e diz estar a “colaborar ativamente” com autoridades.

Sob suspeita estão concursos públicos, de dezenas de milhões de euros, para aquisição de serviços de operação de meios aéreos para o DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais).

De acordo com a nota da PJ, estas sociedades comerciais sediadas em Portugal, que faziam parte de uma “complexa rede” estabelecida pelo menos desde 2022, têm vindo a controlar a participação nos concursos públicos no âmbito do combate aos incêndios rurais em Portugal, no valor de cerca de 100 milhões de euros.

Estes concursos públicos incidem na compra de serviços de operação, manutenção e gestão da aeronavegabilidade dos meios aéreos próprios do Estado, dedicados exclusivamente ao DECIR. O objetivo da rede agora alvo de buscas seria que o Estado português ficasse com carência de meios aéreos e, dessa forma, se sujeitasse aos subsequentes preços mais elevados destas sociedades comerciais, explica a PJ no âmbito da operação desta quinta-feira nos distritos de Lisboa, Beja, Faro, Castelo Branco, Porto e Bragança.

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