A arte e a cultura desempenham um papel relevante na vida das cidades. A cultura, enquanto direito universal consagrado pelos Direitos Humanos da ONU no Artigo 27º, que estipula que “todos têm o direito de participar livremente na vida cultural da comunidade”, possui um poder transformador com impacto social e económico sustentável.

A democratização da cultura, enquanto processo de pensamento coletivo e inteligência cooperativa da comunidade, vai além da visão restrita da cultura erudita e do vasto património histórico construído, implicando um novo modo de relações entre as instituições e as comunidades.

O reconhecimento desta interdependência serve como o ponto inicial para a promoção de diálogos de proximidade e, como resultado, a implementação de estratégias para incluir grupos sociais em maior situação de vulnerabilidade.

Recomendações presentes na Carta do Porto Santo, intitulada ‘A cultura e a promoção da democracia: para uma cidadania cultural europeia’, que advoga a democracia cultural, através de uma “abordagem multidimensional na formação de públicos, abandonando a conceção de um público único”, bem como pela cidadania cultural, que requer “direitos e deveres” para a sua concretização. Em suma, aspetos fulcrais para o desenvolvimento de planos de ação que conduzam a uma Europa mais diversificada e inclusiva.

No mesmo sentido, a rede ACCESS, composta por oito cidades europeias, destaca a cultura como um meio para promover a compreensão, empatia e apreciação da diversidade das experiências e culturas humanas, sublinhando o seu papel na resposta aos desafios complexos das metrópoles.

Na Área Metropolitana de Lisboa, projetos como a Galeria de Arte Urbana e o TODOS – Caminhada de Culturas têm desempenhado um papel significativo na promoção de uma cidade intercultural por meio das artes performativas, de forma a contribuir para dar voz a espaços urbanos fragmentados e marginalizados.

Na Amadora, no Zambujal 360, a promoção artística, social e cultural é o meio para reconfigurar positivamente o bairro e criar oportunidades de desenvolvimento para jovens, estabelecer parcerias com comerciantes locais, revitalizar espaços urbanos e sensibilizar a comunidade para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os casos mencionados representam apenas uma amostra, uma vez que em todo o país existem múltiplas iniciativas que, ao impulsionarem a democratização da cultura, reconhecem a sua importância no desenvolvimento de consciências sociais e culturais diversas e inclusivas.