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Da capacidade ao dividendo. Guia para acompanhar o ‘Strategic Update’ da EDP

Maior capacidade nas renováveis, mais rotação de ativos, crescimento dos resultados e, porventura, um reforço do dividendo. Conheça os grandes temas que deverão dominar o ‘Strategic Update’ 2021-2025′ da EDP, que irá ser apresentado por Miguel Stilwell d’Andrade esta quinta-feira às 8h55.
24 Fevereiro 2021, 18h04

“Amanhã vamos olhar para o nosso futuro e falar sobre o ‘Strategic Update’ do grupo EDP e fornecer detalhes sobre os nossos ambiciosos planos de crescimento”, sublinhou esta quarta-feira Miguel Stilwell d’Andrade, durante uma teleconferência com os analistas.

O foco da apresentação estava nos resultados de 2020 da EDP Renováveis (EDPR), um aumento de 17% nos lucros 556 milhões de euros, mas o gestor, que foi eleito CEO das duas empresas em janeiro, não resistiu em explicar como o desempenho da empresa em relação às metas estabelecidas para 2022 já permite fazer um novo plano, para até 2025 e que será apresentado às 8h55 esta quinta-feira.

Com as ações da EDP a caírem 11,2% este mês e as da EDPR 22%, depois de ambas terem registado novos recordes no início do ano, o evento irá ser monitorizado com atenção pelos analistas para aferir a ambição e estratégia da energética portuguesa para os próximos anos.

Veja aqui os temas que deverão dominar as atenções no evento:

Investimento e capacidade

Metas e desempenho:

Em março de 2019, António Mexia apresentou em Londres o ‘Strategic Update’ para 2019-2022. Em termos de investimento, a empresa previa um Capex de 2,9 mil milhões por ano, ou um total de 12 mil milhões, dos quais 75% em renováveis.

Em 2020 a empresa reportou um Capex de 2.909 mil milhões de euros, dos quais 2.401 mil milhões em expansão e 508 milhões em manutenção.

O plano estratégico visava um aumento de 17% na capacidade instalada de fontes de energia renovável, de 21 GW em 2018 para 24,6 GW em 2022. Segundos dados operacionais provisionais de 2020, divulgados a 21 de janeiro deste ano, dos 23,7 GW de capacidade instalada total, 79% era em energias renováveis, ou seja 18,72 GW.

O que se espera:

O foco deverá estar nas novas metas de adição de capacidade nas renováveis e na divisão entre o que a empresa quererá manter e quanto será para farmdown, ou seja vender posições minoritárias em projetos, referiu ao Jornal Económico Fernando Garcia, diretor de european utilities equity research no RBC Capital Markets.

“Acredito que irão anunciar pelo menos 2 gigawatts (GW) em crescimento de capacidade por ano e divisão 50/50 entre propriedade e venda”, adiantou.

Os analistas do UBS concordam que o crescimento das renováveis deverá ser o tema principal. “Depois de adicionar 7 GW em 2019-2022, a empresa deverá poder acrescentar 2,6 GW anualmente, sustentando assim o crescimento a longo prazo”, afirmaram, sublinhando que a EDPR poderá triplicar a capacidade entre 2019 e 2030.

Esta quarta-feira, Stilwell d’Andrade salientou que a empresa já assegurou 7,7 GW de capacidade até 2022, face ao objetivo de 7 GW.  “Fomos capazes de assegurar mais capacidade do que prevíamos no nosso plano até 2022”, disse o CEO.

“Mais importante, temos 2,4 GW de capacidade sob construção este ano e uma base de crescimento de 3GW que irá ser construída em 2022”, sublinhou. “Isto é um indicador muito forte que estamos prontos a acelerar as nossas ambições em termos de crescimento”.

Rotações e alienações

Metas e desempenho:

A energética estabeleceu em 2019 uma meta de quatro mil milhões de euros na rotação de ativos e ainda a alienação de ativos na Península Ibérica num valor superior a dois mil milhões de euros.

A 2 de setembro, aquando da transação de sell-down de um portefólio eólico e solar na América Do Norte, a empresa informou que tinha executado  mais de 55% do objetivo de rotação de ativos. Desde essa altura, a EDP anunciou duas transações de rotação, uma nos EUA por 684 milhões de dólares e outra em Espanha por 450 milhões de euros.

A 18 de dezembro, a energética informou que concluiu venda de portefólio de seis centrais hídricas em Portugal por 2,2 mil milhões de euros a um consórcio liderado pela francesa Engie.

 O que se espera:

Fernando Garcia, do RBC Capital Markets, diz que além das novas metas de adição de capacidade nas renováveis, outro foco de atenção deverá ser a divisão entre o que a empresa quererá manter e quanto será para farmdown, ou seja vender posições minoritárias em projetos, referiu ao Jornal Económico, sempre num contexto de manutenção da bem-sucedida política de rotação de ativos.

Resultados e dividendos

Metas e desempenho:

A EDP prometeu em 2019 manter o dividendo nos 19 cêntimos por ação até 2022, com a proporção dos lucros a distribuir em dividendos (payout ratio) entre 75% a 85%, tendo cumprido essas metas em relação aos exercícios de 2018, 2019 e, como revelou esta quinta-feira, em 2020.

Em termos de resultados, Mexia, e Stilwell de Andrade como CFO, visavam um crescimento anual de 7%, em média no lucro líquido recorrente até 2022, ano em que deverá superar os mil milhões de euros. Em 2019, a EDP apresentou uma subida de 7% no lucro recorrente para 854 milhões, e em 2020 a subida foi de 6% para 901 milhões de euros.

A meta de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) era de uma subida em média 5% ao ano para superar os quatro mil milhões de euros em 2022, com o ponto de partida a serem os 3.300 milhões registados em 2018. Em 2019, o EBITDA, subiu 12% para 3.706 milhões de euros, enquanto em 2020 aumentou 6% para 3.950 milhões.

O que se espera:

Fernando Garcia, do RBC, alerta que poderão haver novidades em relação à remuneração acionista.A empresa teve no passado um pagamento “esticado” de dividendos, num contexto de cortes regulatórios e elevada alavancagem financeira, disse. “Agora a alavancagem está a melhorar depois de muitas vendas de ativos e não deverá haver mais cortes regulatórios, portanto com isso o dividendo por ação poderá retomar o crescimento no médio prazo”, disse.

A EDP conseguiu atingir a meta de redução do rácio de dívida líquida/EBITDA em 2020 para 3,2 vezes, face a 3,6 vezes no final de 2019, e estará, dessa forma, a caminho de atingir a meta de 3 vezes em 2022, algo que poderá levar a empresa a colocar fasquia do desalavancagem ainda mais alta.

Em termos de crescimento dos resultados, tendo cumprido o ritmo que prometeu em 2019, os analistas esperam, no mínimo, a manutenção das subidas.

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