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Dados da pobreza em Portugal são “sobretudo inquietantes”, diz ministra da Modernização

A ministra da Juventude e Modernização mostrou-se particularmente preocupada com os dados relativamente às crianças em situação de pobreza. Defende a necessidade de garantir acesso a creches e ao alojamento estudantil, e frisa que o combate à pobreza é também uma forma de “recuperarmos a imagem que as pessoas têm do sistema político e das instituições”.
Cristina Bernardo
15 Maio 2024, 14h02

Margarida Balseiro Lopes esteve presente esta quarta-feira na apresentação do relatório Portugal, Balanço Social 2023, que decorreu no BPI All in One, em Lisboa. A ministra da Juventude e Modernização descreveu os dados apresentados como sendo “sobretudo inquietantes”. O relatório da autoria de Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Miguel Fonseca, que fazem parte do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center, lançado em parceria com a Fundação la Caixa, revela que a taxa de risco de pobreza aumentou de 16,4% para 17% em Portugal em 2023, e que há uma subida na prevalência da pobreza em todos os grupos etários, no entanto, este aumento é mais evidente entre as crianças, cuja taxa de risco de pobreza aumentou 2,2 pontos percentuais face a 2022.

“Estes dados são sobretudo inquietantes”, afirmou Margarida Balseiro Lopes, considerando ainda “mais inquietantes” os dados relativos às crianças, embora também tenha salientado as situações de outros grupos mais vulneráveis como os jovens e os idosos.

Elogiando o trabalho realizado pelo trio de autores do estudo, a governante sublinhou a importância destes trabalhos. “Os responsáveis políticos têm a obrigação de se basearem nos dados, nos trabalhos, feitos pela academia, para que as políticas públicas desenhadas sejam bem-sucedidas”.

Na sua intervenção, no encerramento da apresentação do relatório, Margarida Balseiro Lopes abordou duas situações concretas. Primeiro, mencionou os dados em torno do acesso à creche das crianças pobres. “É inquietante que quase sete em 10 crianças pobres não tenham acesso à creche. É inquietante porque os primeiros anos de vida são essenciais”, lamentou. A ministra reconheceu que existe, neste momento, “uma escassez na resposta a estas famílias e, em especial, a estas crianças”. “A nossa prioridade tem de ser garantir o acesso a um serviço público”, independentemente de ser público ou privado, afirmou.

De seguida, abordou o problema do alojamento estudantil, uma tema que “é muito importante” para este Governo. “Temos de garantir de facto que a ação social chega a todos aqueles que precisam. Não falo só de bolsas, falo de um tema essencial que é o alojamento para estudantes. Ainda temos um longo caminho a fazer”.

A terminar a sua intervenção, a ministra comentou os dados do relatório que apontam a falta de confiança das pessoas com maiores dificuldades económicas nas instituições e a sua menor satisfação relativamente à democracia.

“Quando falamos da urgência do combate à pobreza, estamos a falar de igualdade, dignidade, de justiça, mas também estamos a falar da saúde da nossa democracia (…) A necessidade de olhar para o tema do combate à pobreza é essencial por uma questão de igualdade, de justiça e de dignidade, mas também é uma forma de recuperarmos a imagem que as pessoas têm do sistema político e das instituições”, vincou a governante.

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