O empresário David Neeleman, dono da brasileira Azul e americana JetBlue, afirmar que teve uma má experiência em Portugal ao ter o Estado luso como parceiro. Na mesma entrevista ao “Expresso”, Neeleman admitiu que saiu da TAP, em junho de 2020, contra a sua vontade, tendo sido “forçado” pelo então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
“Não teria saído nem pedi para sair da TAP. Fui forçado pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a negociar, sob ameaça constante de nacionalização”, diz o empresário brasileiro-americano numa entrevista escrita ao jornal.
Neeleman vinca ainda que nunca teria vindo à privatização da TAP em 2015 sem o acordo de troca da frota da Airbus, que garante ter sido a única salvaguarda da companhia aérea contra a falência iminente em que se encontrava. Na altura, a TAP tinha 12 aeronaves A350 encomendadas, sendo que a Airbus admitiu à Parpública que só procedeu à troca por 53 aviões A321 por David Neeleman se tornar acionista da transportadora. Lembrar que foi esta troca que permitiu capitalizar a TAP em mais de 226 milhões de dólares.
Sobre a troca com a Airbus, Neeleman adianta que foi o próprio presidente da TAP, então Fernando Pinto, a fazer ligação direta e a convidá-lo para a privatização, uma vez que a companhia aérea somava “capitais negativos que podiam chegar aos 500 milhões”. Ainda sobre este tema, o empresário assegura que foram os montantes desembolsados em prestações suplementares e o empréstimo da Azul que “salvaram a TAP em 2015 de uma falência iminente”.
“Sem isso, a empresa já não existiria. Ao contrário do que alguns políticos de esquerda disseram, não comprámos a TAP com o pelo do cão, porque o cão não tinha pelo”, reitera.
Nesta mesma entrevista, o empresário vai mais longe e garante que “não faz sentido voltar a olhar para a TAP”. “Falando honestamente”, como o próprio o diz, “perdi a confiança no Estado português como parceiro. Foi muito difícil com o Governo socialista [privatização aconteceu no Governo de Passos Coelho e António Costa reverteu acordo após três meses]”, acusando-o de não respeitarem os contratos assinados.
“Nunca tinha tido um Governo como sócio e confesso que não foi uma boa experiência”, afirma. Mas Neeleman não se deixa ficar por estas críticas e aponta o dedo a Pedro Nuno Santos: “após o acordo que conseguimos negociar com o Governo de António Costa pensei que as coisas poderiam funcionar. Correram razoavelmente no início. Mas depois, com o ministro Pedro Nuno Santos, a pressão política tornou-se constante. A gota de água foi quando o Governo não respeitou o acordo que tínhamos sobre o IPO”.
O empresário criticou o Governo de Costa pela ajuda estatal à TAP na sequência da pandemia, que levou à injeção de 3,2 mil milhões de euros com fundos comunitários. “Se tivéssemos sido apoiados, teríamos necessitado apenas de mil milhões de euros e já estaríamos a devolver esse dinheiro aos contribuintes, mantendo a nossa rota de crescimento sem precisar de reduzir o tamanho da TAP nem abandonar slots, como aconteceu”, adianta Neeleman.
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