[weglot_switcher]

DBRS alerta que “flexibilidade dos bancos para remunerar os seus acionistas irá provavelmente diminuir”

“Esperamos que as distribuições de dividendos diminuam nos próximos dois anos, à medida que a rentabilidade diminui devido à compressão da margem de juros e aos custos de crédito potencialmente mais elevados relacionados com as tensões geopolíticas e a guerra comercial global. Além disso, em alguns países, os bancos ainda precisam de absorver todo o impacto do quadro Basileia IV, que se estenderá por vários anos”, refere a DBRS.
fusão
28 Julho 2025, 09h55

Bancos europeus mantêm capitalização adequada apesar da maior remuneração dos acionistas e dos obstáculos regulatórios, defende hoje numa nota de research da Morningstar DBRS.

“Apesar dos obstáculos regulamentares mais elevados, da maior remuneração aos acionistas e da rentabilidade relativamente em declínio, as amplas reservas de capital dos bancos europeus representam a primeira linha de defesa contra a incerteza agravada pelas atuais tensões geopolíticas e pela guerra comercial global”, afirmou Andrea Costanzo, Vice-Presidente da European Financial Institution Ratings.

“Na nossa opinião, a flexibilidade dos bancos para remunerar os seus acionistas irá provavelmente diminuir nos próximos anos, devido à redução da rendibilidade face aos níveis recorde, ao impacto residual do Acordo de Basileia IV em alguns países e à conclusão potencialmente bem-sucedida das fusões e aquisições em curso”, conclui Andrea Costanzo.

Os principais destaques do comentário incluem que os bancos europeus, de um modo geral, reforçaram a sua capitalização recentemente; que os níveis mais fortes de capital dos bancos impulsionaram a remuneração dos accionistas; e que os bancos europeus mantêm amplas reservas de capital em relação às exigências regulamentares.

Os lucros mais elevados e as ações de otimização do balanço ajudaram os bancos europeus a reforçar a sua capitalização nos últimos anos, apesar dos maiores obstáculos regulamentares com a entrada em vigor do Acordo de Basileia IV em janeiro de 2025. Ao mesmo tempo, os níveis mais fortes de capital dos bancos impulsionaram a remuneração dos acionistas, reconhece a DBRS.

“No entanto, na nossa opinião, a flexibilidade dos bancos para remunerar os seus acionistas irá provavelmente diminuir nos próximos anos, após uma redução da rentabilidade face aos níveis recorde, impulsionada por um ambiente de taxas de juro mais baixas, bem como pelo impacto residual do Acordo de Basileia IV em alguns países, e pela conclusão potencialmente bem-sucedida de fusões e aquisições (M&A) em curso”, refere a agência de rating.

Apesar dos maiores obstáculos regulamentares, da maior remuneração dos acionistas e da rendibilidade um pouco em queda, os bancos europeus mantêm geralmente amplas reservas de capital face às exigências regulamentares. Vemos isto como a primeira linha de defesa contra a incerteza agravada pelas actuais tensões geopolíticas e pela guerra comercial global.

A maioria dos bancos europeus reforçou os seus perfis de capitalização nos últimos anos. Graças ao ambiente de taxas de juro mais elevadas, a sua margem financeira líquida (NII) aumentou, contribuindo para lucros mais elevados. Além disso, os bancos também implementaram determinadas medidas para reforçar os rácios de capital, incluindo emissões de dívida que contabilizam como capital e medidas de otimização de ativos ponderados pelo risco (RWA), tais como transações sintéticas de transferência de risco significativo. Como resultado, os rácios de capital aumentaram, em geral, desde 2020 e permaneceram resilientes em 2025, apesar da primeira adoção do quadro regulamentar de Basileia IV em janeiro de 2025.

Grécia, Itália, Portugal e Espanha reportaram rácios de capital mais elevados em comparação com os níveis do final de 2020. Sendo que os bancos do sul da Europa têm beneficiado mais das taxas de juro mais elevadas, uma vez que tendem a ter proporções mais elevadas de empréstimos com taxas variáveis e financiamento de depósitos não remunerados. destaca a DBRS.

O reforço dos níveis de capital dos bancos europeus levou a um aumento nos pagamentos de dividendos. O retorno total para os acionistas é ainda mais generoso quando se incluem as recompras de ações, que os bancos têm utilizado cada vez mais recentemente.

“Os bancos da nossa amostra distribuíram cerca de 72 mil milhões de euros em dividendos dos lucros líquidos de 2024, quase o dobro do montante distribuído dos lucros líquidos de 2022”, refere a DBRS. A amostra da DBRS inclui o BCP, a CGD, o Novobanco e o Banco Montepio.

Durante 2020 e 2021, os reguladores limitaram ou impediram os bancos de distribuir dividendos para preservar o capital contra potenciais desafios decorrentes da pandemia global da Covid-19. No geral, os bancos italianos, nórdicos e britânicos apresentaram as maiores taxas de pagamento de dividendos em 2024.

A distribuição de dividendos e a recompra de ações continuam a ser a primeira opção para recompensar os acionistas. No entanto, os bancos procuram cada vez mais criar valor a médio prazo através de fusões e aquisições.

“Esperamos que as distribuições de dividendos diminuam nos próximos dois anos, à medida que a rentabilidade diminui devido à compressão da margem de juros e aos custos de crédito potencialmente mais elevados relacionados com as tensões geopolíticas e a guerra comercial global. Além disso, em alguns países, os bancos ainda precisam de absorver todo o impacto do quadro Basileia IV, que se estenderá por vários anos”, refere a análise.

Por fim, as transações de fusões e aquisições em curso, se bem-sucedidas, resultarão em algum consumo de capital, conclui a DBRS.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.