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DBRS defende que a banca francesa está subtilmente a liderar a consolidação bancária cross-border

“Acreditamos que ainda existem muitos impedimentos à consolidação em grande escala”, diz a DBRS que acrescenta que no entanto, a consolidação está a acontecer silenciosamente numa base mais gradual, com os bancos franceses a figurarem entre os intervenientes mais ativos.
fusão
30 Outubro 2024, 12h13

Numa nota intitulada “Bancos Franceses: Os Consolidadores Ocultos na Banca Europeia”, a Morningstar DBRS que “os bancos franceses tiveram um incentivo significativo para se expandirem em termos de produtos e geografias, dada a baixa rentabilidade do mercado bancário francês”.

Num comentário sobre as consolidações no setor bancário francês, Sonja Förster, vice-presidente sénior de notações das instituições financeiras europeias da DBRS,  diz que os bancos franceses “alcançaram posições dominantes numa variedade de serviços financeiros europeus através da consolidação, uma tendência que acreditamos que irá continuar”.

Os principais destaques incluem ainda o facto de o investimento do Unicredit no Commerzbank levantar a questão de saber se a consolidação transfronteiriça está a ganhar força na Europa.

“A compra pelo Unicredit de uma participação de 21% no Commerzbank levou à questão de saber se a consolidação transfronteiriça está a ganhar força no altamente segmentado mercado bancário europeu. Na nossa opinião, não é assim, pelo menos para transações de grande escala”, refere a análise da agência de rating.

“Acreditamos que ainda existem muitos impedimentos à consolidação em grande escala”, diz a DBRS que acrescenta que no entanto, a consolidação está a acontecer silenciosamente numa base mais gradual, com os bancos franceses a figurarem entre os intervenientes mais ativos.

Em detalhe a DBRS defende que “dado o panorama regulamentar ainda fragmentado na banca europeia, as diferentes plataformas tecnológicas e os hábitos dos clientes, as sinergias nas fusões transfronteiriças são ainda mais limitadas em comparação com as fusões nacionais, especialmente na banca de retalho. No entanto, a diversificação e consolidação geográfica têm vindo a acontecer na Europa a uma escala mais pequena e de forma mais gradual há muitos anos, o que acreditamos que provavelmente irá continuar”.

A agência de notação financeira acrescenta que “os bancos realizam normalmente aquisições complementares para ampliar e fortalecer segmentos de negócio específicos. Outra tendência que observamos são as parcerias, em vez das aquisições, em vários setores”.

“Os bancos franceses, especialmente, construíram posições de liderança no mercado europeu em áreas como a gestão de activos, gestão de património, banca de investimento, financiamento ao consumo e leasing, e esperamos mais actividade nestes segmentos no futuro. A baixa rentabilidade da banca de retalho francesa e o elevado grau de consolidação em França foram certamente um catalisador para a expansão dos bancos do país noutras geografias e grupos de produtos”, lê-se na nota.

Com ativos de 2,7 biliões de euros e 2,5 biliões de euros, respetivamente (final do primeiro semestre de 2024), o BNP Paribas (BNPP) e o Crédit Agricole (CA) são os maiores grupos bancários da Europa continental.

Outros grupos bancários franceses são também significativos em termos de dimensão e estão entre os dez maiores bancos da Europa continental.

A Société Générale (SocGen) e o BPCE (Banque Populaire, Caisse d’Epargne) reportaram ativos de 1,6 biliões de euros, enquanto o Crédit Mutuel (CM) tem um balanço de 913 mil milhões de euros. O BNP Paribas, o Credit Agrícole e o SocGen têm uma maior proporção de negócios internacionais, enquanto o BPCE e o CM têm geralmente um foco nacional, mas também desenvolveram negócios pan-europeus em determinados segmentos.

“Observamos que o BNP Paribas, o CA e o BPCE têm estado relativamente ativos nos últimos anos no que diz respeito a aquisições, investimentos estratégicos e parcerias em toda a Europa. O CM tem sido menos aquisitivo, enquanto o SocGen, com uma notável excepção, tem actuado principalmente como vendedor de ativos, uma vez que o banco tem vindo a racionalizar as suas operações”, refere a DBRS.

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