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Debaixo da Nossa Pele. Uma Viagem. Memórias submersas

Joaquim Arena nasceu em 1964, na ilha de São Vicente, Cabo Verde, filho de pai português e mãe cabo-verdiana. No final dos anos 60 chega com a família a Portugal.
24 Novembro 2017, 11h40

Depois de viajar pela Europa à boleia, regressa a Lisboa, no início dos anos 90, onde se licencia em Direito. Dirige algumas revistas de temática lusófona, como a “África Hoje”, ao mesmo tempo que desenvolve projetos na área musical. Em 1998, regressa a Cabo Verde, onde funda o jornal “O Cidadão”, depois de trabalhar na redação do jornal “A Semana”. Atualmente, é Conselheiro para a Cultura e Comunicação do Presidente da República de Cabo Verde.
Este advogado, músico e jornalista é autor dos livros “Um Farol no Deserto” (2000, IPC) “A Verdade de Chindo Luz” (2006, Oficina do Livro), “Para Onde Voam as Tartarugas” (2010, Caminho) e deste “Debaixo da Nossa Pele. Uma Viagem”, editado pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda, obra distinguida com a menção honrosa do Prémio INCM/Vasco Graça Moura 2016, na categoria de Ensaio. Nas palavras do júri do Prémio, trata-se de um livro “em forma de road movie através do Portugal contemporâneo em busca de memórias submersas, mas indispensáveis à identificação de um país”. Uma identificação para a qual também concorre a nostalgia por esse lugar no Atlântico Médio, que é Cabo Verde.

Sobre “Debaixo da Nossa Pele”, o autor afirma que se trata de uma narrativa que “alberga autobiografia, relato de viagem, ensaio, jornalismo, ficção, uma mistura de géneros”. E é o que mais próximo temos, escrito na língua portuguesa, da narrativa do alemão W. G. Sebald; neste caso, um livro que resulta de uma dupla viagem: a pé, ao longo do curso do rio Sado, numa busca pelos últimos sinais da presença dos descendentes dos escravos negros trazidos para esta região, depois do século XVIII, para o cultivo do arroz. Uma viagem que levará o autor a duas aldeias alentejanas, São Romão e Rio de Moinhos, mas que, ao mesmo tempo, serve de elemento de ignição de uma outra viagem, desta vez no tempo, pela história da presença de africanos em Portugal e na Europa, do século XV ao estabelecimento de imigrantes cabo-verdianos, a partir dos anos 60 do século XX.

É, assim, por entre esta deambulação ao longo do Sado, que surge um contador de histórias na melhor tradição africana, a cativar-nos com o Conde Negro (general francês, filho de um aristocrata e de uma escrava e pai do romancista Alexandre Dumas) ou com o lusitano Gaius Appuleius Diocles (104-146 d.C.), o auriga (ou condutor de quadrigas) que, graças às suas inúmeras vitórias, terá sido o primeiro atleta bilionário da história do desporto.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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