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Debate entre candidatos à liderança do PSD junta Montenegro e Pinto Luz contra Rio

A viabilização do Orçamento do Estado, a influência da maçonaria e a estratégia para as autárquicas foram os grandes temas em destaque no frente a frente entre os três candidatos à liderança do PSD (o atual presidente e recandidato, Rui Rio, o ex-líder do grupo parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz) que teve lugar esta quarta-feira, na RTP. 
  • PSD
4 Dezembro 2019, 22h35

O atual presidente do PSD e recandidato à liderança, Rui Rio, o ex-líder do grupo parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz defrontaram-se esta quarta-feira naquele que foi o primeiro debate televisivo entre os candidatos à liderança do PSD. Num debate ruidoso, trocaram-se críticas e acusações e Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz uniram-se para exigir uma “agenda mobilizadora” para o partido.

Os maus resultados eleitorais foram o tema escolhido para abrir o debate e Rui Rio manteve-se à defesa. Apesar de considerar que a avaliação dos resultados deve ser feita consoante do seu contexto, reconheceu que, “em termos absolutos [os 28% conseguidos pelo PSD nas eleições legislativas de outubro] são uma derrota matemática, em termos relativos têm que vistas as condições em que aconteceram”.

Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz lançaram-se ao ataque. “Havia eleitorado disponível para confiar na alternativa política do PSD. Mas os eleitores não olharam para o PSD como uma verdadeira alternativa”, atirou Luís Montenegro. “Rui Rio optou por uma estratégia de subalternização ao PS e de estar contra tudo e contra todos. Os resultados são muito maus”, disse Miguel Pinto Luz.

Rui Rio admitiu que, ao longo destes dois anos, procurou “não ouvir as críticas constantes” e afirmou ser uma “hipocrisia” comparar liderar “dois anos descansado, com dois anos de guerrilha constante”. Mas não se deixou intimidar pelos ataques dos adversários aos maus resultados eleitorais.

“Estes dois senhores têm resultados eleitorais brilhantes. Luís Montenegro foi duas vezes à câmara de Espinho e não conseguiu ganhar. Foi à distrital de Aveiro e também não conseguiu ganhar. São estes os pegaminhos que apresenta para termos confiança no êxito dele. Miguel Pinto Luz foi presidente da distrital de Lisboa e os resultados das autárquicas de 2013, que geriu, e 2017, que em grande parte geriu, foram igualmente maus”, lançou Rui Rio.

Luís Montenegro entendeu as palavras de Rui Rio como um ataque aos autarcas do PSD que perderam eleições e recomendou ao atual líder que “tenha mais respeito pelas pessoas”. Escudando-se no anterior líder do PSD, Pedro Passos Coelho, lembrou: “Passos Coelho perdeu a Câmara da Amadora e depois ganhou duas eleições legislativas e foi primeiro-ministro e fez um excelente trabalho para o país e para o PSD”.

Já Miguel Pinto Luz optou por uma postura menos contundente. “Perdi eleições, mas não me escondo nem transformo derrotas em vitórias”, reconheceu. “Quer fazer igual ao perseguir militantes, afastar os setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa? Vai continuar com esta estratégia?”, atirou, não obtendo resposta.

 

Maçonaria, Orçamento e Autárquicas

A jornalista da RTP trouxe à discussão o tema da maçonaria e da influência que a organização secreta terá alegadamente no partido, segundo Rui Rio. O atual líder foi o primeiro a manifestar-se, apontando o dedo aos seus rivais: “Os meus adversários são conhecidos como sendo da maçonaria”, afirmou, acrescentando que não sabe como é que “depois do 25 de Abril há ainda sociedades com um certo secretismo”.

Luís Montenegro negou qualquer envolvimento com a organização e admitiu apenas ter participado num dos jantares maçónicos. Aproveitou a ocasião para apontar novamente o dedo a Rui Rio por fazer “julgamentos com base em artigos de jornal”. Já Miguel Pinto Luz admitiu, sem pudor, que foi membro da Maçonaria quando tinha “20 e poucos anos”, mas já não é “há mais de 10 anos”. “Desde que tenho cargos políticos, não pertenço à Maçonaria”, sublinhou o vice-presidente de Cascais.

Tal como o Jornal Económico já tinha avançado, os candidatos mostraram ainda ter posições divergentes em relação ao sentido de voto ao Orçamento do Estado para 2020 (OE 2020). Luís Montenegro foi taxativo em dizer que não aprova orçamentos do PS, porque o documento “não vai desdizer o que veio no Programa do Governo”. Além disso, sublinhou para os adversários, “o PS não está interessando em fazer acordos connosco [PSD]”.

Rui Rio prefere esperar para ver, mas diz já que é “pouco provável” e “difícil” que venha a aprovar o OE 2020, se este seguir as linhas do Programa do Governo. A mesma posição foi defendida por Miguel Pinto Luz, que acrescentou que a prioridade devem ser os portugueses e, se a proposta de Orçamento for boa para eles, admite a possibilidade de uma viabilização do documento. E arrancou de Rui Rio um “muito bem”.

Os três candidatos concordam que é preciso inverter a política fiscal e apoiar mais as empresas, sobretudo as pequenas e médias empresas, otimizar a receita do Estado e apostar mais nas exportações.

Para as autárquicas, consideram que é necessário uma agenda mobilizadora para o PSD e acelerar o combate ao “definhamento do poder local”. Luís Montenegro diz que a perda de autarquias já vem de antes da direção de Rui Rio e que aí não lhe pode apontar o dedo. Disse ainda já tem os nomes que quer lançar nas principais câmaras, mas preferiu não revelar, adiantando porém que o partido tem “de mobilizar os melhores”.

Já Rui Rio referiu-se às autárquicas como “as eleições que para o partido são as mais importantes”, enquanto Miguel Pinto Luz disse que a missão do partido é “ganhar e regenerar o poder local”, lembrando que o PSD tem perdido câmaras não só para o PS, mas também para os independentes. “Temos que ter uma meta ambiciosa, mas possível”, sublinhou.

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