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“Decepcionante e inexplicável”. OMS reage ao fim da cooperação com os EUA

EUA pagam entre 364 e 455 milhões de euros por ano à OMS, um valor que é muito superior aos 36 milhões de euros da China, conforme tem apontado Donald Trump.
  • Carlos Barria/REUTERS
1 Junho 2020, 12h36

A decisão dos EUA de terminar a relação com a Organização Mundial da Saúde foi considerada como “decepcionante” e “inexplicável”, segundo um representante da organização.

“Temos agora o maior desafio de doenças transmissíveis que alguma vez assistimos, e realmente precisamos de todos os países que trabalham juntos, incluindo os EUA ”, explicou David Nabarro à CNBC, esta segunda-feira.

O fim das relações já tinha sido ameaçado presidente norte-americano, em abril, numa altura em que os impactos da Covid-19 nos EUA não mostravam sinais de abrandamento. Na passada sexta-feira, o anuncio foi feito durante um discurso às portas da Casa Branca. Os EUA são o maior doador da agência de saúde, avançando com contribuições que representam cerca de 15% do orçamento anual da OMS. O país aloca habitualmente verbas entre 364 e 455 milhões de euros por ano, um valor que é muito superior aos cerca de 36 milhões de euros que a China envia para a OMS, conforme tem apontado Trump.

https://jornaleconomico.pt/noticias/trump-anuncia-fim-da-cooperacao-com-a-organizacao-mundial-de-saude-595007

“Vamos terminar a nossa relação com a Organização Mundial da Saúde e redireccionar estes fundos para outras necessidades de saúde pública”, anunciou perante os jornalistas. “O mundo precisa de respostas da China sobre o vírus. Porque é que a China fechou pessoas as infectadas em Wuhan – não as deixando viajar para outros locais da China –, mas permitiram que estas pessoas viajassem livremente pelo mundo, na Europa e nos Estados Unidos?”, questionou o pesidente norte-americano.

Durante anos, a OMS beneficiou do apoio e liderança dos EUA, que ajudaram o mundo a enfrentar grandes desafios, de acordo com Nabarro.

Se Washington se afastar dos seus compromissos com a OMS, seria “uma coisa realmente estranha de se fazer durante a luta contra a pandemia”, disse Nabarro.

“É como se estivéssemos no meio de um incêndio florestal e de repente 15% dos camiões de bombeiros fossem levados no momento em que mais precisa deles”, acrescentou.

A saída da maior economia do mundo da organização intergovernamental significa que caberiam aos restantes 193 países que ainda apoiam a OMS a “preencher essa lacuna”, disse Nabarro.

No sábado, a União Europeia emitiu uma declaração pedindo aos EUA que reconsiderem sua decisão de deixar a OMS.

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