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“Finte” as fraudes na Black Friday com plataforma para comparar preços

Para evitar situações em que as marcas aumentam os preços antes da Black Friday, a Deco sugere aos consumidores  que garantam boas compras e fintem as fraudes através da plataforma que compara os valores praticados nos últimos 30 dias.
13 Novembro 2020, 17h55

A Black Friday traz consigo o anúncio de grandes descontos numa série de produtos. Mas, por vezes esta propaganda não corresponde a verdadeiras oportunidades para fazer bons negócios. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) alerta que  para situações em que as empresas fazem uma subida de preços dias antes da Black Friday, com o objetivo de aumentar o valor do desconto. Sugere, por isso, aos consumidores que utilizem a ferramenta Comparar Preços, que a associação lançou em 2018, para conhecer a evolução dos preços dos produtos nas lojas online e descobrir se oferecem descontos reais durante a Black Friday.

“A ferramenta Comparar Preços ajuda a perceber se os descontos anunciados em épocas como a Black Friday ou a Cyber Monday são boas oportunidades de compra”, alerta a Deco nesta sexta-feira, 13 de novembro, dando conta de que esta ferramenta de pesquisa regista a evolução dos preços dos produtos nas lojas online ao longo dos últimos dias, para aconselhar ou não a sua compra.

A Deco explica que basta pesquisar o nome da loja e do produto, ou, mais simples ainda, inserir na caixa “Pesquisa pelo URL” o link completo do produto tal como surge na loja online, realçando que “o resultado devolvido é um semáforo com três cores e significados diferentes, baseados no histórico de preços dos últimos 7 e 30 dias”.

A cor verde surgirá, caso se trate de um bom negócio face ao histórico de preços do produto na loja pesquisada. Segundo a Deco, há casos em que o semáforo confirma a poupança, mas também indica que há lojas mais baratas. Se o semáforo sinalizar o amarelo, é o caso de produtos cujos preços atuais exibam pouca diferença em relação aos 30 dias precedentes. Já o vermelho surge quando a compra é desaconselhada porque o preço do produto já esteve mais baixo.

“Antes de avançar para a compra, é aconselhável pesquisar sobre os produtos e confrontar os preços de várias lojas – uma tarefa facilitada pela ferramenta Comparar Preços”, aconselha a Deco, sugerindo que o consumidor clique nos separadores para ler outros conselhos úteis.

Segundo a Deco, em 2016 e 2015, a associação detetou vários casos de subida dos preços dias antes da Black Friday, por forma, diz, “a simular promoções mais interessantes, mas enganosas para o consumidor”. “Em 2017 e 2018, continuámos a encontrar alguns exemplos, mesmo que inferiores a anos anteriores, de promoções enganosas na época da Black Friday e noutras de descontos”, acrescenta.

Já em 2019, no mesmo período, a Deco revela que detetou várias irregularidades: alguns produtos em campanha não exibiam o preço anteriormente praticado ou, em alternativa, a percentagem da redução; algumas lojas não apresentavam o preço riscado, e o mesmo já tinha estado mais baixo; e verificou-se não ter havido uma real redução de preço em certas situações.

Os cinco conselhos para comprar

Na sua página, a Deco deixa ainda cinco conselhos para os consumidores que planeiam aproveitar as oportunidades da Black Friday ou da Cyber Monday para fazer algumas compras para si ou para oferecer no Natal.

“Finte as estratégias para induzir a compra”, sugere a Deco, deixando algumas sugestões.

No topo da lista aconselha os consumidores a terem atenção ao preço relativo. “Muitas vezes, não temos a noção do preço habitual de determinado produto, pelo que acabamos por basear a avaliação na comparação com bens similares que se encontram na própria loja”, explica a associação, dando conta de que “não é raro” os comerciantes rodearem os produtos que pretendem vender de artigos semelhantes, uns muito caros, outros muito baratos.

“Os consumidores tendem a optar pelo meio-termo. Verifique nos nossos comparadores se o produto em destaque é efetivamente de qualidade e se o preço é justo”, conclui.

Ter atenção ao pagamento faseado é outro dos cinco conselhos da Deco. A Deco recorda que junto de produtos caros com a opção de pagamento em prestações, é frequente haver destaques com o valor a pagar por semana, mês ou ano.

Explica aqui que, segundo Richard Shotton, especialista nesta área, os consumidores são “mais sensíveis ao valor do que ao prazo” e “tendem a assumir inconscientemente que, por exemplo, seis pagamentos de 20 euros sai mais barato do que quatro de 30 euros”.

“Não se foque apenas no montante proposto, mas verifique o prazo e o valor total da compra”, alerta.

A Deco chama ainda a atenção dos consumidores para a rapidez e facilidade de pagamento, salientando que ao usar o cartão de crédito ou de débito, o consumidor tem menos a noção de estar a desfazer-se do dinheiro, face a quem desembolsa as notas.

Segundo a Deco, uma investigação de Gareth Harvey, professor universitário britânico de marketing e de psicologia do consumidor, revelou que o carrinho do supermercado de quem paga com cartão inclui mais “compras por impulso” do que o dos que usam “dinheiro vivo”. Nesta fase, aconselha a associação a “evitar pagar com dinheiro, se estiver numa loja física. Mas este efeito parece amplificar-se nas compras online”.

“Antes de clicar para concluir uma transação, pense duas vezes”, conclui, alertando para os consumidor pensarem se precisam do produto ou já pesquisaram outros artigos do mesmo tipo. E se o preço é efetivamente interessante, resistindo ao primeiro impulso.

A Deco alerta também para a ilusão de qualidade. “Mais caro não é sinónimo de melhor. A prová-lo estão os resultados dos nossos estudos comparativos nas mais diversas áreas: não é raro encontrarmos artigos baratos que igualam ou ultrapassam o desempenho de outros com preço mais elevado”, explica.

Por último, a associação para situações de conquistar consumidores indecisos. Recorda aqui que se, num processo de compra online, abandonar um produto no cesto, nas horas seguintes será bombardeado com mensagens de incentivo à compra. “A loja vai lembrar de que os produtos continuam no carrinho e que aquele preço excecional só estará disponível durante algumas horas, podendo mesmo propor-lhe um desconto ou isentá-lo das despesas de envio, entre outros argumentos de venda”, alerta, aconselhando os consumidores a não se deixarem manipular pela insistência do comerciante, por ofertas aliciantes ou alertas de que é a “última oportunidade”.

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