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Demissão francesa agita mercados

Dentro da bolsa francesa o banco francês Société Générale foi o mais penalizado, com uma queda de 4,23%, seguido do Credit Agricole perdeu 3,42%. A Saint-Gobain desceu 3,44% e o BNP Paribas caiu 3,21%.
7 Outubro 2025, 07h00

A semana começou com a demissão do primeiro-ministro francês, Sébastian Lecornu, um episódio que afetou os mercados, principalmente a bolsa francesa que fechou o dia a perder 1,36% para 7.971,78 pontos.

O banco francês Société Générale foi o mais penalizado, com uma queda de 4,23%, seguido do Credit Agricole perdeu 3,42%. A Saint-Gobain desceu 3,44% e o BNP Paribas caiu 3,21%.

A demissão acontece menos de um mês depois de Lacornu ter assumido funções, e castigou também a dívida do país, que viu as yields das obrigações a 10 anos a subir 7,4 pontos base.

Os analistas da XTB referem que “em reação imediata à demissão, o euro desvalorizou, o índice FRA 40 também reagiu negativamente e os juros da dívida pública subiram. O diferencial entre as taxas de juro (yields) das obrigações alemãs e francesas a 10 anos está a aumentar para o seu nível mais elevado desde janeiro do ano passado. Este diferencial, continua a servir de indicador importante sobre o risco político e orçamental na zona euro, refletindo uma maior ansiedade do mercado face à situação política”.

Esta demissão foi acompanha por uma proposta de cessar-fogo em Gaza, à qual os investidores estão atentos. “Os mercados abriram a semana atentos à proposta de cessar-fogo apresentada pelos EUA em Gaza, que prevê a libertação gradual de reféns e a entrega da administração do território a uma autoridade tecnocrática. Apesar desse aparente progresso diplomático, o caminho para uma resolução definitiva do conflito será árduo, e os investidores mantêm alguma cautela face ao risco de novas ruturas nas negociações”, afirma Henrique Valente, analista da ActivTrades Europe.

Para além desta demissão que penalizou uma parte das praças europeias, o governo norte-americano ainda continua em paralisação, que adiou a divulgação de dados económicos.

Apesar do shutdown, os investidores estão animados com o setor tecnológico, principalmente depois do acordo entre a OpenAI e a AMD, com possível aquisição de 10% da empresa de hardware e fabless.

Esta semana os mercados vão começar a receber os resultados empresariais do terceiro trimestre.

“Arrancamos esta semana com os futuros sobre bolsas alegres (ca.+0,3%), apesar de a Administração Americana continuar parcialmente fechada, mas com a expetativa de algum acordo de paz em Gaza que contribui para apoiar esse aumento dos futuros, porque consolida a ideia de que o prémio de risco por geoestratégia tende a zero”, apontam os analistas do Bankinter.

“As referências imediatas são uma improvável reabertura a curto prazo da Administração Americana e os primeiros resultados trimestrais americanos, que deverão voltar a ser suficientemente bons e que continuarão a apoiar um mercado que se ressente a realizar lucros. Nada parece opor-se ao avanço do mercado, embora o otimismo geral gere certo respeito”, referem.

A continuação do apagão norte-americano vai afetar o trabalho da Reserva Federal (Fed), que é a favor de uma abordagem dependente de dados. “Um encerramento prolongado afeta negativamente a atividade ao implicar uma deterioração adicional do mercado laboral e prejudicar a confiança empresarial e do consumidor. Este cenário proporcionaria argumentos à Fed a favor de cortes de taxas de juros, e jogaria a favor das obrigações”, afirmam os analistas.

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