A ascensão de Donald Trump a um segundo mandato presidencial nos Estados Unidos, que se tornou oficial na segunda-feira, levou a que o Governo Regional dos Açores monta-se um plano de contingência na eventualidade de existirem açorianos a serem deportados do território norte-americano. Cálculos do executivo apontam para a existência de 1,5 milhões de portugueses em território americano, com a “grande fatia” a serem provenientes do arquipélago. No caso da Madeira são 50 mil madeirenses e luso-descendentes originários da Região distribuídos por New England, Califórnia e Flórida, mas a Região, nesta fase, não espera qualquer vaga de deportação.
Questionado pelo JE sobre medidas mais detalhadas deste plano de contingência [dos Açores] fonte oficial do executivo açoriano, salientou que o Governo Regional “está a preparar medidas” nas áreas da saúde, do emprego, da habitação e da formação para “conseguir dar uma resposta rápida e eficaz a eventuais situações” de deportação.
“Há um programa e medidas anunciadas por Donald Trump nesta matéria. Se estas forem implementadas, as consequências serão evidentes e os Açores têm de preparar um cenário para responder a um aumento do regresso de emigrantes”, disse a mesma fonte oficial.
Refira-se que o Governo dos Açores prepara-se para apresentar na quinta-feira a versão inicial deste plano de contingência, conforme avançou fonte oficial do executivo ao Jornal Económico.
Sobre se o Governo tem condições para dar resposta a uma eventual vaga massiva de açorianos, que regressem ao arquipélago, deportados dos Estados Unidos, é dito que mediante o que vier a suceder “pode ser necessário” reforçar financeiramente os sistemas de apoio nos Açores, acrescentando que ainda é “precoce” antever em que moldes.
A mesma fonte oficial salienta que após ser apresentada a versão inicial deste plano de contingência perspetiva-se que para os próximos tempos exista a “inclusão de contributos de outras forças políticas, num processo que o Governo pretende que seja de unidade regional”.
Reagindo às declarações do secretário de Estado, com a pasta das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que considerou, à Renascença, que “não há razão nenhuma para acreditar que irá haver deportação massiva” de portugueses dos Estados Unidos, a mesma fonte oficial do Governo açoriano salientou que as declarações do governante “vão no sentido” da mensagem que o Governo dos Açores tem vindo a passar.
“Não por acaso, recentemente houve uma reunião entre o Secretário de Estado e o Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estevão. A ideia passa por não dramatizar nem antecipar cenários, mas ter preparada uma rede de respostas caso se verifique a necessidade de as aplicar”, reforça a mesma fonte oficial do executivo regional.
Nos Estados Unidos residem cerca de 1,5 milhões de portugueses ou descendentes, sendo uma grande fatia proveniente dos Açores, refere a mesma fonte.
“Os açorianos, em concreto, são uma comunidade bem implementada, trabalhadora, admirada e respeitada, designadamente nos estados de Massachusetts, Rhode Island ou Califórnia. O número de eventuais cidadãos com a situação irregular é um exercício que, nesta fase, é meramente especulativo”, acrescenta a fonte oficial do Governo.
O diretor regional da Madeira das Comunidades e Cooperação Externa, Sancho Gomes, refere, ao Jornal Económico, que as estimativas que possui apontam para que residam nos Estados Unidos cerca de 50 mil madeirenses e luso-descendentes originários da Madeira, distribuídos por New England, Califórnia e Flórida.
Sancho Gomes exclui nesta altura a possibilidade de existir uma vaga de deportação de madeirenses que estejam a residir nos Estados Unidos.
“A emigração madeirense para os Estados Unidos é antiga, estando as nossas comunidades bastante bem integradas. Exemplo disso é a Festa do Santíssimo Sacramento, de New Bedford, organizada por madeirenses desde 1915, que é a maior festividade portuguesa fora de Portugal, e onde participam os maiores atores políticos daquela zona do país. Não é espectável, portanto, qualquer vaga de deportação que afete madeirenses, até porque a esmagadora maioria, que é de segunda, terceira e quarta gerações, já detém a nacionalidade norte-americana”, esclarece Sancho Gomes.
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