A primeira-ministra britânica Theresa May escolheu a circuncrição de Grimsby, onde 70% dos eleitores votaram a favor da saída da União Europeia no referendo de 2016, para deixar claro nesta sexta-feira que espera ver o impasse resolvido na votação marcada para terça-feira na Câmara dos Comuns. “Não podemos continuar à espera. Temos de fazer o que for necessário para que os membros do parlamento apoiem o acordo”, disse a política conservadora, que vem resistindo a apelos, vindos sobretudo da oposição trabalhista, para a realização de um segundo referendo.
Theresa May tem afastado terminantemente a repetição do referendo, alegando que constituiria uma traição aos 17,5 milhões de eleitores que optaram pela saída da União Europeia, o que só agravaria uma divisão extremada entre os britânicos.
Embora o apoio ao Brexit na votação de terça-feira seja bastante duvidoso, também há poucas certezas de que os deputados sejam capazes de fazer retroceder todo o processo. Segundo uma análise realizada pela agência Reuters, só 219 membros da Câmara dos Comuns expressarem abertura para voltar a chamar os eleitores às urnas (outros 65 têm mantido silêncio quanto à questão), o que fica aquém dos 318 votos necessários.
Do lado daqueles que aprovam o segundo referendo encontram-se muitos deputados trabalhistas, sete conservadores, o grupo dos independentes (formado sobretudo por dissidentes do Partido Conservador) e os liberais-democratas, podendo haver também forte apoio junto dos nacionalistas escoceses.
Pelo contrário, a Reuters aponta um total de 245 deputados firmemente opostos a um novo referendo (incluindo 24 trabalhistas, ainda que a deputada Caroline Flint tenha elevado esse número a 60 ou 70 colegas de bancada), além de 94 que por serem membros do executivo de Theresa May ou terem posições de confiança na Câmara dos Comuns deverão seguir a posição do governo de Londres.
Certo é o líder trabalhista Jeremy Corbyn avançou com a hipótese de apoiar um referendo para “impedir os danos um Brexit conservador ou uma desastrosa saída sem acordo com a União Europeia”. E uma sondagem da YouGov realizada no mês passado apontou o apoio de 51% a uma nova votação, ficando o apoio ao acordo negociado pela primeira-ministra em 49%.
No caso de um novo chumbo na Câmara dos Comuns, poderá avançar-se para a votação de uma saída sem acordo ou o adiamento da data do “Brexit”, que está marcada para o próximo dia 29. “Podemos não sair da Europa durante muitos meses, podemos sair sem as proteções do acordo, podemos até nunca sair. A única certeza é a incerteza”, disse a líder britânica em Grimsby, dramatizando um cenário já de si bastante dramático.
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