A biotecnologia explora processos celulares e biomoleculares para desenvolver tecnologias e produtos que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. O termo identifica-se com qualquer aplicação tecnológica que use sistemas biológicos, organismos vivos e parte ou derivados deles para fabricar, modificar ou melhorar produtos, processos e soluções. Aplica-se a áreas muito distintas, como a saúde, agricultura, biotecnologia marinha, indústria, setor alimentar, entre outros, e é consequentemente classificada por cores. A biotecnologia relacionada com a área da saúde, no desenvolvimento de medicamentos e tratamentos médicos, vacinas, fármacos e manipulações genéticas é classificada como biotecnologia vermelha, e representa cerca de 40% do total das empresas nesse sector.

Em Portugal, há 20 anos atrás existiam menos de dez empresas de biotecnologia. Atualmente, a P-BIO inclui mais de 40 associados; entre 2019 e 2021, o Fundo 200M, por exemplo, participou em operações de investimento com empresas de biotecnologia em Portugal que ultrapassaram os 20 milhões de euros. Várias empresas de biotecnologia portuguesas ganharam prémios internacionais, algumas conseguiram parcerias estratégicas, outras colocaram os primeiros produtos no mercado, muito embora nenhum, até agora, de forma particularmente revolucionária.

A nível nacional, a Biotecnologia é uma área que mais que triplicou o volume de negócios, entre 2016 e 2020, de acordo com um estudo da P-Bio, apesar de ser ainda um negócio de pequena dimensão, mas com um potencial de crescimento enorme.

Apesar de Portugal ter progredido muito na Biotecnologia, outros países progrediram muito mais, sobretudo se pensarmos em Biotecnologia na sua componente mais fortemente inovadora e disruptiva. A comparação com países de dimensão semelhante como Bélgica, Suécia ou Áustria é muito significativa.

Os aspetos que podem ser melhorados, são essencialmente dois. Historicamente, as empresas de biotecnologia portuguesas têm-se fundado cedo de mais, quando a ciência está ainda com um nível de risco demasiado alto. Essas empresas são habitualmente financiadas por pequenos investidores, sem a capacidade de tornarem os projetos mais qualificados. Por outro lado, existem evidentes lacunas nas formas como se promove o empreendedorismo, desde o ensino até aos programas de apoio estatais.

O investimento em Biotecnologia, apesar de ter um elevado potencial de valorização, afasta muitos investidores devido ao longo ciclo de investimento que exige elevados montantes. No entanto, as sociedades de capital de risco são habitualmente os parceiros utilizado para uma estrutura social de inovação constituída por um sistema interativo constante de empresas de tecnologia intensiva, capital humano altamente especializado, investimentos significativos por parte do Estado e de privados para pesquisa e desenvolvimento.

O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) considera inegável a “importância estratégica” da bio¬tecnologia em Portugal. Uma das vantagens do nosso país é a sua “massa crítica”, bem como “o conhecimento e infraestruturas de qualidade”. Estes são elementos fundamentais para o desenvolvimento do sector, que a comunidade científica pretende que seja capaz de gerar casos de sucesso.

De acordo com a publicação “Beyond borders – EY biotechnology report 2022”, o negócio da biotecnologia não voltará ao seu estado pré-pandemia. As empresas terão de se adaptar a inúmeros novos desafios, num ambiente de negócios em rápida evolução. No entanto, como o ano 2021 demonstrou, também existem enormes oportunidades para a biotecnologia enfrentar no futuro.