O guitarrista e compositor João Gil conseguiu que o auditório do Instituto Camões cantasse consigo “Postal dos Correios”, “Perdidamente” e “Loucos de Lisboa”. Foi assim, ao som de música portuguesa, que começaram as comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se celebra oficialmente este domingo.
A data é assinalada há 10 anos e foi estabelecida a 20 de julho de 2009 depois de uma resolução da XIV reunião ordinária do conselho de ministros da CPLP, realizada em Cabo Verde. “É um dia que já integrámos como central nos planos de atividades culturais que desenvolvemos pelo mundo fora. Cada ano que passa os números aumentam, tal como aumenta o interessa o envolvimento e o interesse dos outros países da CPLP”, disse o presidente do Instituto Camões ao Jornal Económico.
O programa deste ano contempla 190 iniciativas em 56 países. Luís Faro Ramos considera que tem havido uma tomada de consciência cada vez maior por parte dos países e das pessoas do que vale a língua portuguesa e da sua potencialidade. “Recebemos praticamente todos os dias, de todo o mundo, notícias que nos dão conta de um maior interesse pela aprendizagem da nossa língua. O caso da China é exemplar. Viemos de lá há dias, com o Presidente da República, e vimos que cada vez mais universidades ensinam português e há cada vez mais alunos a todos os níveis (básico, secundário e superior). Macau, especificamente, é um caso de sucesso. Fala-me mais português do que se falava há uns anos”, referiu ao semanário, à margem do evento de apresentação das atividades.
“Língua portuguesa é instrumento de negócios”
O Governo lembrou que a «língua de Camões» – com 278 milhões de falantes – é também a língua de Mia Coto, de Germano Oliveira e outros autores que a fazem crescer do ponto de vista demográfico. O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que Portugal procura honrar esta data porque a língua portuguesa é um “instrumento de criação literária, de comunicação, de negócios, de cooperação, de trabalho em múltiplas organizações internacionais”. “A língua portuguesa não é a língua portuguesa. Já foi, quando a maioria dos seus falantes residia em Portugal, é agora sobretudo brasileira e será, no futuro, africana. Nesta sucessão, é uma língua de todos os continentes”, realçou Augusto Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa aproveitou a ocasião para assegurar que “é falso que se fale menos português nas antigas colónias”. Fala-me mais português em Moçambique, em Angola, em Cabo Verde e em Timor-Leste do que durante a colonização. É falso que em Macau o português. Nunca, como hoje, se ensinou tanto os estudos portugueses em Macau”, garantiu Augusto Santos Silva.
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação destacou o facto de a geografia do português ter presença em 77 países e continuar a expandir-se devido à criação de escolas, à presença em feiras internacionais, a programas de tradução e edição, etc. Teresa Ribeiro fez também referência ao papel das políticas públicas, do setor privado e da comunicação social. “Temos assim uma constelação rica de medidas que vai acrescentando coerência e valorizando a intervenção pública nos domínios da língua e da cultura”, frisou.
Para a governante, a língua portuguesa usufrui de três circunstâncias que são particularmente favoráveis à sua expansão e que devem ser aproveitadas: a evolução demográfica, a revolução tecnológica e a globalização. “Não basta confiar na inércia positiva propiciada por m contexto auspicioso. É crucial colocá-la no centro das políticas públicas, como tem sido timbre do atual governo”, sugeriu.
Além das festividades à escala global, a homenagem à cultura lusófona passa também pela Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde está aberta ao público uma exposição de obras de artistas lusófonos, como o cabo-verdiano Abraão Vicente. A coleção dedicada à CPLP, da Fundação PLMJ, pode ser visitada até ao próximo dia 10 de maio.
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