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“Digitalização da Sonae Arauco agiliza indústria 4.0 e recurso a drones”

O gigante industrial português que utiliza a madeira como matéria prima diz que a digitalização acelera o seu nível de sustentabilidade e facilita a gestão em tempo real, explica Angel Garcia Bombín, Industrial Digital Transformation Director da Sonae Arauco.
7 Junho 2022, 14h19

A Sonae Arauco admite que a digitalização permite recorrer a equipamentos mais eficientes, garantindo a resposta dos gestores em tempo real, através da utilização de drones e de equipamento da indústria 4.0. É assim que o gigante industrial português relacionou o desenvolvimento do processo de digitalização com a concretização dos objetivos de sustentabilidade, na conferência “Indústria Digital e Sustentável”, promovida pelo Jornal Económico em parceria com a Schneider.

Quem o diz é Angel Garcia Bombín, diretor de transformação digital industrial da Sonae Arauco, explicando que o seu grupo fabrica produtos com “soluções industriais baseadas na madeira; por isso temos esse conceito de sustentabilidade dentro do nosso DNA, pois, desde há muitos anos, temos consciência que a principal matéria prima que utilizamos é a madeira, que é um bem escasso. Por isso sempre tivemos o cuidado de utilizá-la da forma mais eficiente possível”, diz.

“Temos o cuidado de recorrer a todas as fontes possíveis. De utilizar cada vez mais madeira reciclada e de contribuir para ou melhorar a economia circular. Creio que este nosso estágio terá sido anterior ao da digitalização”, refere o responsável da Sonae Arauco.

“Com a digitalização podemos elevar este conceito a um plano superior. Com a ajuda da tecnologia vamos poder ser capazes de reciclar maiores quantidades de madeira. Porque utilizar mais madeira reciclada implica uma dificuldade ao nível dos equipamentos, pois temos de separar tudo o que surge na madeira e que não poderemos processar, desde metais, areias, plásticos ou até algum pedaço do próprio material, como as placas derivadas da madeira, que podem gerar problemas nas nossas linhas de produção”, explica o especialista.

“A tecnologia tem sido um aliado para possibilitar o aumento da quantidade de madeira que podemos reciclar. Também a tecnologia permite caracterizar melhor essa madeira e assegurarmo-nos do mix de madeira utilizada, aumentando a percentagem de madeiras que podemos misturar na nossa produção e também melhorar o princípio da utilização de materiais que já não é possível incorporar no fabrico das placas, pelo menos, valorizando energeticamente esses materiais”, refere Angel Garcia Bombín.

“Praticamente em todas as nossas fábricas, temos unidades de energia que utilizam a biomassa. Isso é algo que o nosso sector e o Grupo Sonae Arauco pretende manter de forma a aumentar a velocidade de utilização para sermos mais sustentáveis”, adianta.

Neste caso, “o aumento da digitalização acelera os objetivos da sustentabilidade. No final, estamos a avançar muito mais depressa. Outro dos pontos em que temos muito cuidado é a reduzir ao máximo os desperdícios. Para termos essa consciência primeiro temos de quantificar e medir os desperdícios”, detalha.

“Com esta digitalização podemos aumentar a utilização de drones, e de outras tecnologias da indústria 4.0, porque facilita o tratamento de todos os dados, e é aí que está o cerne da questão, pois não estamos a falar apenas da recolha de dados, mas de fazer o tratamento desses dados e retirar conhecimento deles, passando a utilizá-los”, refere Angel Garcia Bombín.

“A digitalização funciona como três laços. O primeiro é levar o físico ao digital. O segundo liga o digital ao digital, que seria a fase da extração de conhecimento. E no terceiro laço captamos o valor e permitimos que o conhecimento proporcionado pelo digital seja aproveitado em benefício do mundo físico. Se isso não acontecer não estamos a extrair valor para a empresa e nem estaremos a cumprir todos os objetivos da sustentabilidade”, comenta.

“Toda a digitalização permite quantificar as melhorias atingidas na sustentabilidade e assim também permite medir o aumento da eficiência e o valor acrescentado que o processo de produção produz”, diz.

E faz isso “em tempo real. As ações são tomadas em tempo real. Anteriormente as reações eram tomadas tarde. Havia processos de inventário que eram feitos mensalmente. Isso tornava as decisões tardias. Tudo era decidido demasiado tarde”, recorda.

“Depois de um mês de consumo de madeira já não se consegue fazer nada. Todo o processo de digitalização está a levar a que cada vez consigamos ter mais dados em tempo real, o que gera notificações em diferentes níveis da nossa organização em tempo real, seguindo uma cadeia de ajuda de maneira a que cada pessoa consiga resolver um problema no momento atual. Damos resposta antes dos desvios nos serem notificados”, explica Angel Garcia Bombín.

“Essa avaliação que era feita num período mensal atualmente é feita num período semanal. No caso de um inventário de um parque de madeiras, podemos estar a falar de uma semana, mas nos restantes consumos utilizamos o tempo real. No parque de madeira não é fácil fazer este trabalho diariamente. Do mês passamos à semana, mas também com o objetivo de passa a fazer esse trabalho diariamente”, refere.

Além de Angel Garcia Bombín, participaram na conferência Carlos Oliveira, da Direção de Engenharia da Generg e Vitor Moure, country manager da Schneider Portugal. Na conferência foram dadas respostas às principais questões sobre o tema, designadamente, “em que ponto do processo de digitalização se encontram as empresas participantes”, “qual foi o impacto do processo de digitalização”, “quais são os principais objetivos de sustentabilidade propostos pelas empresas”, e “qual foi o contributo do processo de digitalização para o cumprimento desses objetivos de sustentabilidade”.

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