O diretor do Jornal Económico (JE), Filipe Alves, defendeu, em declarações à Lusa, que o Estado “pode fazer muito pelos media”, nomeadamente “investir” na agência de notícias, meio que “justifica a existência de um serviço público”.
Questionado sobre que medidas fariam sentido ser criadas para apoiar financeiramente o jornalismo em Portugal, Filipe Alves manifestou-se contra este tipo de apoios, embora admita que o Estado possa “fazer muito pela comunicação social”.
E “a primeira coisa que pode fazer é investir na Lusa”, afirmou o diretor do JE, sublinhando que “se há empresa que justifica a existência de um serviço público na área do jornalismo é a Lusa”.
Filipe Alves justificou esta sua posição apontando que a Lusa funciona como ‘backbone’ (suporte principal) devido à sua capacidade de cobertura, quer regional como internacional, sem a qual “90% do que acontece no resto do país não se saberia”.
O diretor do JE salientou, ainda que, sem a rede de correspondentes internacionais da Lusa, o noticiário internacional em Portugal seria “fraquíssimo”.
Nesse sentido, “justifica-se que o Estado invista, que dote a agência [noticiosa] de cada vez mais meios e (…) da capacidade de ter os melhores quadros e de poder produzir informação de qualidade, isenta, rigorosa, sobre aquilo que acontece em Portugal e no mundo”, sublinhou o jornalista.
“Outra coisa que o Estado pode fazer é aplicar as leis que protegem os direitos de autor”, afirmou, numa alusão às agências de ‘clipping’ [que agregam e ‘resumem’ as notícias diárias].
“As agências de ‘clipping’ faturam milhões à custa do trabalho dos profissionais da comunicação social (…). Estamos a falar de milhões de euros que, em vez de irem para quem produz os conteúdos, vão para alguém que vende os conteúdos que não são deles”, criticou Filipe Alves.
O diretor do JE considerou que ainda há “muito por fazer nesse domínio”, apontado que o próprio Estado “não só fecha os olhos a essa realidade como ainda por cima é cliente das agências de ‘clipping'”.
Filipe Alves destacou o porte pago e “outras soluções a nível fiscal” como medidas de incentivo ao setor, “apoios cegos” na medida em que todos os meios de comunicação seriam beneficiados, não havendo o “risco de interferência política”.
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