Dívida alemã a 10 anos cai para terreno negativo com travão na economia europeia

A entrada inesperada em contração da atividade na indústria e nos serviços franceses e um agravamento muito mais acentuado que o previsto da atividade transformadora alemã tiveram rosto visível na queda das yields da dívida soberana germânica para valores negativos pela primeira vez desde 2016.

A taxa de juro da dívida alemã a 10 anos está em -0,015% depois de uma queda de 5,6 pontos base. O que para alguns especialistas pode ser sinal de que se aproxima uma estagnação da economia europeia.

“Em causa está a publicação de indicadores económicos preocupantes sobre o abrandamento do crescimento económicos global”, dizem analistas.

O índice de atividade económica PMI relativo à Zona Euro caiu dos 51,9 em fevereiro para os 51,3 em março, sendo que os economistas estimavam uma leitura de 52,00.

O mesmo indicador para França e Alemanha também desapontou os investidores, tendo o setor industrial alemão sofrido uma contração pelo 3º mês consecutivo.

Os analistas apontam ainda para a curva de rendimentos dos títulos de dívida dos Estados Unidos que está quase invertida, o que é um sinal preocupante sobre a evolução da economia norte-americana, no sentido de antecipar uma recessão.

Por cá a dívida portuguesa a 10 anos caiu 1,9 pontos base para 1,263% mas o prémio de risco face à Alemanha aumentou devido à queda da yield alemã.

Os juros do Reino de Espanha caíram 2,9 pontos base para 1,072% e Itália vê os juros caírem 0,8 pontos base pata 2,448%.

O facto de os juros da dívida alemã a 10 anos atingirem valores negativos arrastaram as ações da Banca. Na Alemanha o Deutsche Bank caiu 2,14%; em França o BNP Paribas tombou 3,29%; em Itália o Intesa deslizou 2,64%; em Espanha o Santander caiu 3,84%; e em Portugal o BCP reduziu 2,47% o seu valor para 0,22 euros por ação.

Em termos de índices, o DAX alemão caiu 1,61% para 11.364,17 pontos e o CAC 40 caiu 2,03% para 5.269,9 pontos.

Euro cai 0,79% para 1,1284 dólares com dados fracos.

A libra, em contrapartida, segue em alta, animada pelo facto de ter ficado confirmado esta madrugada que a primeira-ministra britânica concordou adiar o Brexit até 22 de maio, caso Londres aprove o Acordo de Saída, ou até 12 de abril, caso o texto seja novamente chumbado. O facto de se estar assim a evitar uma saída desordenada do Reino Unido entusiasmou os investidores do mercado cambial, dizem analistas.