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Divisa iraniana em mínimos enquanto crise energética leva a falhas recorrentes de eletricidade

O presidente recentemente eleito, Masoud Pezeshkian, apelou a que a população baixe os termostatos em dois graus perante a grave crise energética que levou ao encerramento de centrais e das escolas do país. Entretanto, a moeda iraniana voltou a tocar mínimos face ao dólar, retomando o seu lugar como a divisa mais desvalorizada do mundo.
Raheb Homavand / Reuters
30 Dezembro 2024, 07h00

A divisa iraniana tocou mínimos face ao dólar norte-americano, isto numa altura em que o país enfrenta uma crise energética severa que tem levado a faltas recorrentes de energia numa das economias com maiores reservas petrolíferas do mundo. Esta crise já levou ao encerramento de 80 centrais elétricas, à suspensão das aulas presenciais e a perdas consideráveis em várias indústrias, agravando tensões sociais num país rodeado de dificuldades.

O toman iraniano, a divisa que veio retirar quatro zeros ao rial iraniano, fixou novos mínimos face ao dólar norte-americano esta quinta-feira, negociando na casa dos 79.100 tomans por dólar numa altura em que o país enfrenta uma pesada crise energética. Tal significa uma perda de quase 25% desde setembro, com os mercados preocupados com o efeito da nova presidência de Trump para o regime de Teerão, mas também dos duros golpes sofridos com a queda de Bashar al-Assad na Síria e a guerra travada entre o Hezbollah e Israel.

Esta é uma fonte renovada de pressão para uma economia repleta de dificuldades estruturais, empurrando novamente a moeda iraniana para o último posto a nível mundial, lugar que tem ocupado por boa parte dos últimos anos.

A desvalorização surge também numa altura em que o Irão se encontra mergulhado numa crise energética complexa fruto de anos de desinvestimento, com Teerão a debater-se com os efeitos das sanções impostas pelos EUA. Apesar de ter as segundas maiores reservas comprovadas de gás natural do mundo, o país enfrenta um défice energético de cerca de 15 mil megawatts nos períodos de pico de procura, reporta a agência turca Anadolu.

Também os ataques de Israel em território iraniano parecem estar a ter impacto nesta situação, dado que Telavive atingiu dois pipelines de gás natural em fevereiro, obrigando os decisores iranianos a socorrerem-se das reservas estratégicas do país.

Perante este cenário, Teerão já ordenou o encerramento de 80 das mais de 600 centrais elétricas do país, a maior parte delas alimentadas a combustíveis fósseis. As aulas presenciais foram canceladas para todos os níveis de educação, que passam ao modelo virtual, e o presidente Masoud Pezeshkian apelou à população que reduza os termostatos em dois graus.

Várias indústrias chave do país também estão a enfrentar grandes dificuldades com esta situação, agravando assim a crise económica do país, onde a população tem perdido poder de compra face a uma inflação consistentemente nos dois dígitos, além da corrupção prevalente. O responsável da confederação industrial do país, Mehdi Bostanchi, reconheceu recentemente que estas perturbações podem resultar numa perda entre 30% a 50% da produção industrial do país.

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