Quem não deve não teme” e “quem não teme não foge”. Foi assim que Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS e, por isso, candidato a primeiro-ministro, respondeu, numa declaração transmitida em horário nobre, às notícias de que é alvo de uma averiguação preventiva por parte do Ministério Público, em consequência de denúncias anónimas, relacionada com a compra de casas em Lisboa e em Montemor-o-Novo.
Trata-se de um caso que vem já de 2023, surgido no contexto de uma campanha eleitoral, e Pedro Nuno Santos prometeu aceitar todo o escrutínio e divulgar toda a informação sobre o assunto.
“Amanhã, a documentação estará disponível no site”, anunciou, afirmando que gostaria de ser ouvido pelo Ministério Público já a partir desta quinta-feira. A informação estará disponível no site da campanha socialista.
“Os políticos têm de estar disponíveis para o escrutínio. Sempre estive disponível para o escrutínio. É da natureza do cargo. Quando um político evita a todo custo o escrutínio, a desconfiança aumenta. Não é o meu caso”, assegurou.
O secretário-geral do PS questionou o tempo de divulgação da informação sobre a averiguação preventiva, a 18 dias do início da campanha eleitoral paras as legislativas antecipadas.
Isto aconteceu 46 dias depois de Luís Montenegro, primeiro-ministro, presidente do PSD e candidato à reeleição, ter feito também uma declaração pública, também em horário nobre, mas rodeado pelos ministros do seu governo, em resposta à crise política criada pela polémica em torno da sua empresa, a Spinumviva, que se tornou empresa da família. Na altura, anunciou a apresentação da moção de confiança que levou á queda do governo. Também esta situação está a ser averiguada preventivamente pela justiça, também em resultado de denúncias anónimas.
Os dois reais candidatos a primeiro-ministro, líderes dos dois maiores partidos portugueses, são alvos de averiguações preventivas por parte da Procuradoria-Geral da República.
Pedro Nuno Santos fez questão de se diferenciar de Luís Montenegro, insistindo que não receia o escrutínio. Assegurou que sempre foi transparente e afirmou que, “ao contrário de Luís Montenegro”, não tem medo “nem do escrutínio do Ministério Público nem do escrutínio dos portugueses”.
“Tenho toda a documentação relevante para disponibilizar aos jornalistas. As denúncias são anónimas, mas a verdade é pública. Não vou simular como Luís Montenegro que entrego documentos para depois fazer o contrário”, atirou, referindo-se a um dossier com a documentação sobre a sua casa em Espinho, cuja construção foi questionada e, também, alvo de uma averiguação pela justiça, novamente pro força de denúncias anónimas.
Santos aproveitou a ocasião para instar Montenegro a que “aproveite também este momento para responder aquilo que ainda não respondeu” sobre a empresa e a casa.
“Nenhum de nós está livre de ter uma denúncia anónima sobre uma qualquer compra que fez. Aquilo que é importante ser feito é fazerem-se as perguntas, e nós estarmos disponíveis para dar todos os esclarecimentos. O que não pode ficar é qualquer sombra de dúvida”, disse, considerando que “não há uma equivalência” e que “não são todos iguais”.
Em nome da AD, Miguel Pinto Luz garantiu que a coligação não usará este caso em campanha.
Na conferência, Pedro Nuno Santos afirmou que os seus pais, ao longo da sua vida e da sua irmã, sempre os ajudaram, “como todos os pais que podem ajudam os seus filhos”.
O anterior primeiro-ministro, António Costa, demitiu-se na sequência de um processo judicial, ainda na vigência da anteriora procuradora-geral da República.
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