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Dois ministros britânicos vão demitir-se se Boris Johnson suceder a Theresa May

Os ministros britânicos das Finanças e Justiça, Philip Hammond e David Gouke, respetivamente, já pré-anunciaram renunciarem aos cargos se Boris Johnson for eleito o novo líder do Partido Conservador e, consequentemente, primeiro-ministro. Em causa estão as pretensões de Boris Johnson sobre o Brexit.
22 Julho 2019, 10h19

Cerca de 160 mil militantes do Partido Conservador decidem esta segunda-feira quem será o novo líder e, por consequência, o sucessor de Theresa May na chefia do governo britânico, uma eleição que já está a provocar danos no atual cabinet.

Os ministros britânicos das Finanças e da Justiça, Philip Hammond e David Gauke, respetivamente, pré-anunciaram no domingo a sua demissão se Boris Johnson se tornar primeiro-ministro, elevando as tensões entre os ministros de May.

As sondagens indicam que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson e o atual chefe da diplomacia britânica Jeremy Hunt são os favoritos, mas, se a vitória for do antigo tutelar da pasta dos Negócios Estrangeiros e antigo autarca de Londres, Philip Hammond e David Gauke demitem-se antes que Boris Johnson os afaste. A renúncia deverá concretizar-se na quarta-feira.

“Tenho a certeza de que não vou ser demitido porque vou demitir-me antes de chegarmos a esse ponto. Supondo que Boris Johnson se torna o próximo primeiro-ministro, compreendo que as suas condições para servir o seu governo incluiriam a aceitação de uma saída [do Reino Unido da UE] sem acordo em 31 de outubro e isso não é algo a que eu possa alguma vez aderir”, afirmou Hammond à BBC.

“Tenho a intenção de apresentar a minha demissão a Theresa May antes de ela ir ao palácio [de Buckingham] entregar a sua demissão [à rainha Isabel II] na quarta-feira”, acrescentou o ministro cujo cargo oficial é designado de chanceler do Tesouro Público.

Além de Hammond, também o ministro da Justiça David Gouke diz não se identificar com Boris Johnson –  que procura uma saída da União Europeia sem acordo -, e, por isso, Gouke afirmou ao “Sunday Times” que prefere demitir-se.

“Se o teste de lealdade para permanecer no executivo é um compromisso para apoiar o não-acordo em 31 de outubro – o que, para ser justo com ele, Boris tem consistentemente dito -, então, não é algo que eu esteja preparado para assinar”, disse.

A sucessão de May é algo que tem elevado as tensões dentro do Partido Conservador e entre os ministros britânicos e, por isso, a imprensa britânica indica que poderá haver mais ministros a não quererem ficar ligados a Boris Johnson. O ministro da Economia, Greg Clark, e o ministro do Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, são outros dois ministros que poderão vir a renunciar, em caso de vitória de Johnson.

O nome do novo morador do 10th Downing Street será anunciado na terça-feira, apesar da eleição ocorrer hoje. O próximo líder dos conservadores só assumirá funções na quarta-feira, sendo que a sua entrada na chefia do governo britânico só ocorrerá depois de Theresa May apresentar formalmente a sua demissão à Rainha Isabel II, chefe de Estado do Reino Unido – também na quarta-feira.  Boris Johnson são os candidatos preferidos, de acordo com as sondagens.

Boris Johnson foi um dos principais apoiantes do Brexit no referendo de 2016 e não exclui uma saída da UE sem acordo a 31 de outubro, a data agora estabelecida para os britânicos abandonarem o bloco europeu, enquanto Jeremy Hunt defende um acordo de saída.

Theresa May renunciou à liderança do Partido Conservador a 7 de junho, depois de fracassarem as suas várias tentativas de fazer aprovar o acordo de saída que concluiu com Bruxelas em novembro, continuando como chefe de governo até a eleição do sucessor.

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