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Dois triliões de motivos para os Touros saírem da toca

O impacto desta pandemia nos cidadãos, nas empresas e na economia ainda agora está a começar a fazer-se sentir, pelo que a tranquilidade no sentimento ainda é uma miragem.
25 Março 2020, 13h48

Depois dos triliões que a Fed atirou para cima da mesa e dos muitos outros que jurou juntar caso fosse necessário, os investidores estiveram ontem em pulgas com a possibilidade de sair do Congresso norte-americano um pacote de apoio à economia na ordem dos 2 triliões de dólares, que deverá incluir algum “helicopter money”.
Ou seja, cheques dirigidos aos cidadãos para ajudar a ultrapassar as consequências financeiras negativas das medidas implementadas para a contenção e mitigação da epidemia de coronavírus, ao mesmo tempo que se compra tempo para que as empresas não fiquem sem uma parte substancial dos seus clientes, o que seria absolutamente desastroso para a economia no curto, médio e mesmo longo prazo, uma vez que boa parte do tecido produtivo está em risco de fechar portas, seja ele do sector manufactureiro ou dos serviços.
Essa perspectiva de auxílio, que após o fecho de mercado se concretizou num acordo entre Republicanos e Democratas, deu a Wall Street um dos seus melhores dias de sempre, com ganhos no Dow Jones atingir o máximo dos últimos 87 anos. Isto numa sessão em que a volatilidade foi elevada, mas com menos variações de sentido, embora a dobrar a variação média de 5% que os índices norte-americanos têm registado nos últimos tempos – um valor a todos os níveis impressionante.
Hoje, quarta-feira, e depois de umas oscilações madrugadoras que incluiu a promessa gorada (para já) de mais uma dia de ganhos, os investidores estão um pouco mais cépticos em colocar risco acrescido em cima da mesa, um pouco dentro da mentalidade de “comprar no rumor e vender na notícia”. Contudo, o dia ainda agora começou e, como tem sido recorrente, tudo pode acontecer.
A única “certeza” nesta fase é a volatilidade elevada, e como sempre nestes casos é aconselhável cautela com as posições, nomeadamente a alavancagem, e para qualquer dos lados, na ordem dos 1% a 2% num curtíssimo espaço de tempo, por vezes nem dá para ir fazer um café e o mercado já “voou”.
É preciso ter igualmente em consideração que, para já, o acordo alcançado pelos políticos nos EUA ainda não é “lei”, falta passar na Casa Branca, o que no entanto não deverá ser um obstáculo. Contudo, é fundamental o pragmatismo, pois o impacto desta pandemia nos cidadãos, nas empresas e na economia ainda agora está a começar a fazer-se sentir, pelo que a tranquilidade no sentimento ainda é uma miragem.
O gráfico de hoje é do DAX, o time-frame é mensal.
Muito importante é o facto do DAX ter quebrado em baixa o canal ascendente iniciado na crise financeira, mas para já ter recuperado dessa quebra. A forma como vai terminar o mês será fundamental para se aferir a intensidade da correcção, um fecho abaixo da linha será bearish.
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