O arsenal é o mesmo, as munições é que são diferentes: a pré-campanha eleitoral de Donald Trump à renovação do mandato de presidente dos Estados Unidos tem por base, para já, o puro insulto. E se até agora o alvo era Bernie Sanders – depois dos bons resultados em Iowa, New Hampshire e Nevada – os resultados da última perça-feira mudaram o alvo. O arsenal (o insulto) mantém, mas as munições passaram dos epítetos de “louco” e “socialista” dirigidas contra Sanders, para “sonolento” (sleepy Joe tem a sua graça, há que admitir), “confuso” e por aí adiante.
A contra-campanha eleitoral de Trump baseia-se no desenvolvimento de uma operação de total descrédito entre eleitores e já foi usada contra Hillary Clinton em 2016 com inegável sucesso, quando foi questionada a saúde física da candidata democrata à Casa Branca.
Antigos assessores de Clintos já alertaram a equipa de Biden para a verdadeira barragem que aí virá da parte das hostes de Trump – mas principalmente de Trump ele mesmo – que há quatro provou ser a arma mais eficaz dos republicanos. Os conselhos aos democratas são que é preciso levar o assunto com a maior seriedade. “Biden não está a responder às agressões verbais e precisa de o fazer porque elas penetram na opinião pública”, explica Philippe Reines, consultor chefe de Hillary Clinton em 2016, citado por vários jornais.
Trump – quatro anos mais novo que Biden – tem-se ‘divertido’ a questionar continuamente a capacidade de Biden, que tem 77 anos, a ponto de declarar nos seus comícios que, se eleito, o democrata acabará por governar o país a partir de um lar de idosos. Os erros do senador – que neles tem sido pródigo – também têm merecido a atenção de Trump. “Eu não quero ser muito crítico”, explicou Trump numa entrevista à Fox News, “mas para ser sincero nunca vi nada parecido”.
As insinuações, de maior ou menor profundidade e com mais ou menos graça, foram aumentando até ao limite no fim-de-semana passado, quando o presidente, na sua residência na Flórida e perante mais de 500 apoiantes republicanos, questionou a capacidade mental de Joe Biden.
O presidente citou o erro cometido pelo candidato democrata quando, durante o último debate em Colúmbia, ele disse que desde 2007 mais de 150 milhões de americanos morreram com armas de fogo. Dias antes, Biden confundiu a sua mulher com a irmã – e esse é apenas mais um erro, numa sucessão que vai ‘engordando’ todas as vezes que o candidato democrata pisa um palco. Mesmo nos debates televisivos, Biden tem cometido erros e confundido temas – o que provavelmente preocupa os democratas, nomeadamente aqueles que terão de o preparar para os debates com Trump.
Finalmente, Trump não deixa que a questão da Ucrânia saia da agenda. Como os observadores já tinham dito – e num cenário em que o tema não chegou para o impeachment – o presidente mantém o foco no descrédito de Hunter, filho de Biden, pelo seu papel numa empresa ucraniana do setor do gás natural.
Barack Obama, um dos ódios de estimação de Trump, também está presente na pré-campanha. Num tweet recente, Trump escreveu que o governo de Obama e Joe Biden foi “o mais corrupto da história”.
Com a aproximação do fim das primárias democratas, Trump tenderá por certo a aumentar a barragem contra Biden. A dúvida está em perceber-se se o democrata terá ou não ‘estofo’ para aguentar as investidas do presidente – sendo certo que elas não deixam ninguém espantado.
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