Todos os analistas apontam para o elevado grau de imprevisibilidade dos discursos de Donald Trump e o deste dia – o discurso da tomada de posse – não foge à regra, mas os que arriscam alinhavar a agenda da primeira intervenção enquanto 47º presidente da América afirmam que a segurança interna será a sua primeira preocupação. Nomeadamente em termos do que serão as suas primeiras decisões legislativas logo esta terça-feira: terão com certeza a ver com a política de imigração – e por isso exatamente com segurança interna. Há oito anos, quando iniciou o seu primeiro mandato, as primeiras ordens executivas, pomposamente assinadas para as câmaras, tiveram a ver com a o lançamento de novas pesquisas de petróleo e com o fim do edifício legislativo que Barack Obama tinha edificado em torno do sistema financeiro.
Desta vez, dizem os analistas norte-americanos, a imigração será contemplada com a prioridade, a que se seguirá por certo uma diminuição dos impostos. Apesar de distantes, ambos os temas convergem para uma melhoria das condições de desenvolvimento da economia caseira – que estará na linha da frente das preocupações de Donald Trump.
A acreditar nas previsões, o discurso da tomada de posse deverá ser genericamente mais otimista – há oito anos atrás foi profundamente “sombrio” – e de relançamento de uma esperança renovada, desta vez patrocinada pelos imensos skills do movimento MAGA (Make America Great Again).
Tudo isto acontecerá dentro de portas: a tradicional parada em frente ao Congresso foi substituída por um ato dentro de portas. A posição oficial é que estará mau tempo – mas com certeza que Trump não quer arriscar uma tomada de posse controversa, como foi a primeira, quando as televisões mostraram imensas clareiras entre uma multidão que noutras tomas de posse era muito mais compacta.
Mas uma coisa é a tomada de posse, outra é o plano para os próximos quatro anos. “Ele vai desfilar pela Pennsylvania Avenue, abrir aquelas portas na Sala Oval e assinar 100 ou mais ordens executivas que anulam os danos dos últimos quatro anos”, refere um analista citado pela agência Reuters. Vale a pena observar o que disse o democrata Bernie Sanders, líder da esquerda do partido e personagem especialmente odiada pelo novo presidente: “Trump é louco, mas não é estúpido, não queremos contrariar tudo o que ele está a fazer. Há coisas que ele disse ao longo dos anos que fazem sentido para mim. Ele quer reduzir o custo dos medicamentos prescritos na América? Trabalharemos com ele.”
Muitos investidores entraram em 2024 preocupados com uma recessão nos Estados Unidos, mas isso não se concretizou: o consumo está em boa forma e, com o mercado de trabalho a arrefecer em vez de entrar em colapso, os gastos das famílias deverão continuar a impulsionar o crescimento. A Schroders Economics Team prevê um crescimento do PIB dos EUA de 2,5% para 2025, acelerando para 2,7% em 2026. O ambiente é, por isso, de otimismo e é isso que o novo presidente deverá tentar consolidar logo a ‘abrir’ o seu segundo mandato. Claro, há ainda a questão das das taxas aduaneiras, que a maioria dos economistas antecipa como sendo um fiasco económico. “O enfraquecimento do comércio, uma pausa nas decisões de investimento e um choque geral na confiança provavelmente levariam a maioria das economias de todo o mundo à recessão e levariam a cortes significativos nas taxas de juro. Mas esta mistura teria um impacto mais estagflacionista para os EUA”, refere um analista da consultora Schroders.
Entretanto, o dia de domingo foi reservado por Donald Trump para fazer um comício em Washington. Foi uma espécie de ‘volta da vitória’ em estilo de campanha – com o apropriado nome de ‘Comício da Vitória Make America Great Again’, agendado para o Capital One Arena. O comício assemelhou-se aos discursos espontâneos que têm sido uma constante em Trump desde a sua primeira campanha para a Casa Branca em 2016, e ali estiveram Elon Musk, o vice-presidente eleito JD Vance, o CEO do Ultimate Fighting Championship, Dana White, o ativista conservador Charlie Kirk e a comentadora Megyn Kelly.
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